ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
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Não era por desfeita que Zé Luiz sempre recusava o cafezinho que lhe ofereciam quando ia a casas de amigos. “Hoje estou ruim do estômago”, inventava, para se safar.
Acontece que José Luiz Bianco tinha olhar, olfato e paladar diferenciados para a bebida -por longos anos, foi provador e classificador de café. Era capaz de identificar de longe um produto ruim. Em 2006, publicou “A Trajetória do café” -livro técnico mas também acessível a leigos, afirma o filho Mário.
De família de italianos, seus pais eram sapateiros e anarquistas. Ainda criança, começou a aprender o mesmo ofício, mas decidiu estudar no IBC (Instituto Brasileiro do café). Foi trabalhar em Santos numa multinacional exportadora de café. Atuou ainda em Avaré, antes de ir para Jaú. Como funcionário do Banco do Brasil, fez laudos sobre o produto. “O banco não financiava café se não tivesse certeza de sua qualidade”, lembra o filho.
Depois, numa volta à tradição familiar, abriu em Jaú uma indústria de calçados, hoje comandada pelos filhos. Bravo, mas bem-humorado, foi do conselho de Saúde da cidade e de um hospital. Já planejava sua festa de 60 anos de casamento, daqui a dois anos -presentearia a mulher com um livro de poemas de amor de sua autoria. Morreu quinta-feira, aos 78, de problemas cardíacos.
Teve cinco filhos, dez netos e uma bisneta. A missa de sétimo dia será hoje (19/08/2009), às 19h, na igreja Matriz de Jaú (SP).
Comentário:
Anamalia Bianco
alem de nos ensinar a apreciar um bom café , nosso pai nos ensinou muitas outrs coisas boas tbem.