JOGANDO A BÓIA PARA O ROBUSTA Por Rodrigo Costa

Volta-se a especular sobre uma nova rodada de injeção de liquidez para ajudar os Estados Unidos e Europa. Nada de concreto, mas dados inflacionários abaixo da expectativa, mercado de trabalho mais fraco e comentários de vários presidentes de bancos centrais alimentaram a esperança dos investidores.


Para azedar, os “bonds” de 10 anos da Espanha negociaram com o maior juro da era do Euro, 6.998%, nível que desencadeou pacotes de ajuda a outros países da Europa.


Na Grécia a bolsa de aposta é que nas eleições de hoje, domingo dia 17, o resultado seja favorável ao partido que defende medidas de ajustes mais severas para a economia, razão que fez com que a bolsa local subisse 10% na última quinta-feira.


Os principais mercados acionários encerraram a semana com ganhos entre 1% e 3%, mas os índices de commodities não acompanharam a alta.


O café arábica em Nova Iorque caiu pela 4ª semana consecutiva, perdendo US$ 7.14 por saca no contrato de setembro, e o robusta em Londres subiu US$ 1.26 por saca.


O motivo da queda do primeiro parece estar relacionado com uma total falta de interesse dos torradores em comprar mais futuros – depois de terem comprado bastante desde o rompimento dos US$ 200 centavos – e alguma pressão de venda de origens e fundos.


Já na LIFFE a falta de venda de origem e notícias de que o Vietnã pode ter uma queda de produção de 15% para a próxima safra deu sustentação aos preços.


Resultado = a arbitragem entre os dois mercados caiu para US$ 56.47 centavos por libra-peso. Rumo aos 40 centavos?


No físico os diferenciais para os suaves cederam levemente, e para os naturais brasileiros tiveram uma leve alta.


Os altistas continuam no escuro procurando uma lanterna que possa iluminar seu caminho e idéias. A safra brasileira, que muitos imaginavam que adiantaria, acabou atrasando em função das chuvas. Os estoques na maior parte dos países consumidores cedem, e a indústria não parece se preocupar em aumentar cobertura de diferenciais.


Talvez a atitude dos torrefadores não seja errada, pois mesmo que os diferenciais firmem o custo da matéria-prima será bem abaixo do que tinham programado, ainda que o terminal eventualmente volte para US$ 180 centavos.


Os preços do arábica na ICE adicionando os prêmios de acordo com a qualidade e origem já estão abaixo do custo de produção para grande parte dos países produtores – o que não necessariamente significa que o terminal vai parar de cair. Por outro lado o aumento de produção por maior uso de fertilizantes e melhor cultivo parece que perde força a partir de agora.


O verão no hemisfério norte e incertezas sobre novas recessões em nada ajudam nosso mercado de café, que ainda precisa negociar boa parte da safra brasileira. Resta agora aos altistas a esperança de que a manutenção do preço do robusta pare de fazer o “C” cair mais.


A que ponto chegamos, hein?!


Se o real não voltar a 2.10 acredito que o mercado não venha muito abaixo de US$ 150.00 centavos.


Uma excelente semana a todos e muito bons negócios.
 


*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
 

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