JDE mira mercado premium e avanço de 2 dígitos

Lara Brans, da JDE, diz que há espaço para avanço de cafés premium no país

21/06/2017 Claudio Belli/Valor


Atenta a uma demanda que tem avançado nos últimos anos, a Jacobs Douwe Egberts (JDE), companhia global de cafés e chás, anunciou ontem o lançamento de novos blends de sua marca premium Café do Ponto no mercado brasileiro, o que deve contribuir para a meta da empresa de elevar em dois dígitos a receita no país este ano, disse a presidente da JDE Brasil, Lara Brans. Em 2016, a companhia, dona também das marcas de café torrado e moído Pilão, Caboclo, Seleto, Damasco e Pelé, teve uma receita de € 500 milhões no Brasil, 10% de seu faturamento global de € 5 bilhões.


Segundo Ricardo Souza, diretor de marketing da JDE, o crescimento da demanda no segmento premium de café nos últimos anos levou a empresa a apostar na ampliação dos itens da categoria. Citando dados da Nielsen, ele informou que o mercado de café torrado e moído movimentou R$ 7,6 bilhões em 2016 no varejo do Brasil. Desse montante, 37,8% foram cafés de baixo preço, 57,7%, “mainstream” e 3,6%, premium. São considerados premium cafés com preço superior a R$ 12 a embalagem de 500 gramas.


A categoria premium cresceu 31,3% em valor entre 2015 e 2016 no Brasil, segundo o executivo. Dentro desse segmento, o Café do Ponto é líder, com uma fatia de 20%, acrescentou. “A meta é manter nossa participação e fazer a fatia da categoria dobrar em cinco anos no país”, disse Souza.


Até agora, a marca tinha no mercado o Café do Ponto tradicional. Os novos produtos têm blends com padrão superior, conforme a classificação da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). São eles: “Aralto”, “Safra Especial”, “Exportação”, aromatizados e espresso gourmet. Nos blends, são utilizados grãos arábica e conilon. “O objetivo é posicionar a marca como um premium acessível”, disse Souza. Para Lara Brans, há espaço para crescimento, uma vez que o brasileiro ainda tem um gasto anual médio baixo com café.


O Café do Ponto chegou a ter uma linha com diferentes blends premium, mas no fim dos anos 2000 a opção foi focar apenas no blend tradicional. O avanço da demanda, porém, fez a empresa rever a estratégia.


De acordo com a presidente da JDE Brasil, parte do avanço esperado das vendas em 2017 no país deve se dar graças às recentes aquisições feitas pela empresa. Este ano, a JDE comprou o portfólio de marcas locais de café da Cia Cacique, entre elas Pelé, Graníssimo e Tropical”. Em abril de 2016, já havia adquirido o Grupo Seleto, negócio que envolveu a marca e a operação de manufatura do grupo em Minas Gerais. Com a compra da Seleto, a JDE passou a ter operação em Pimhuí (MG), além das unidades em Jundiaí (SP) e Salvador (BA).


Questionada por jornalistas sobre possíveis novas aquisições no Brasil, Brans disse que a empresa está sempre atenta a oportunidades.


A JDE é a segunda no mercado de café do Brasil, com uma fatia de 18,6% do total, atrás do Grupo 3corações, que tem 24% de participação, conforme a Nielsen.


A JDE é resultado da fusão da holandesa DE Master Blenders 1753 com a área de café da americana Mondelez, ocorrida em 2014. A DE Master Blenders resultou da cisão promovida pela americana Sara Lee em 2012, em seus negócios de café. No ano seguinte, a DE Master Blenders foi adquirida pela JAB Holding, braço de investimentos da família alemã Reimann.


 


Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo


Fonte : Valor

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