A maior parte das commodities que compõe o CRB tem se mantido em território positivo, exceção às energéticas, o suco de laranja e o cacau.
A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, deu declarações na última sexta-feira deixando poucas dúvidas do aumento dos juros americanos na próxima reunião do FOMC dos dias 14 e 15 de março.
Os principais índices acionários dos Estados Unidos retraíram com os investidores ajustando suas apostas no incremento do custo do dinheiro, mas o ajuste não tira o brilho da performance no ano – e muito menos se considerarmos os ganhos de US$ 3 trilhões acumulados desde a eleição de Donald Trump.
A maior parte das commodities que compõe o CRB tem se mantido em território positivo, exceção às energéticas, o suco de laranja e o cacau. Os metais são os líderes em ganho desde o início de 2017 e dentre as agrícolas os ganhadores tem sido o algodão, o milho e o trigo.
No café o contrato do robusta tem sido o principal destaque com os fundos segurando uma posição comprada grande. O arábica por outro tomou um tombo do dia 22 de fevereiro para cá, com um fundamento um pouco menos apertado em geral.
A influência política em função da inicial autorização de importação no Brasil e depois a suspensão da medida contribuíram para a volatilidade recente. Muito embora há uma resistência natural do maior produtor mundial deixar entrar café de fora, vale lembrar que o quadro mundial de oferta e procura em nada se altera com um eventual fluxo, que na verdade potencialmente poderia inclusive ter um efeito positivo para a bolsa de futuros e naturalmente aumentaria os preços da saca no mercado local.
A bolsa de Nova Iorque tem perdido o apelo mais altista com o constante aumento dos cafés certificados, um sinal de que alguns cafés não estão encontrando destino e, portanto alterando a percepção dos especuladores que estão comprados.
As exportações das principais origens também dão um alento para quem tinha o receio de um aperto na oferta, ajudando a manter os estoques europeus em quase 12 milhões de sacas e os americanos em mais de 6 milhões de sacas – o último em níveis que não víamos há quatorze anos.
Os próximos dois meses em teoria seria o período mais travado de movimentação do físico, considerando o déficit que muitos agentes trabalham. Um terminal que beira o que parece ser a “base” do intervalo de preços de US$ 140 a US$ 160 centavos por libra dificulta ainda mais a originação de café. O quadro fica ainda mais complicado para quem está vendido em diferenciais sem cobertura, ainda mais com o fim da sazonalidade de maior consumo no hemisfério norte (com o fim do inverno) e a firmeza do Real e outras moedas de produtores.
O dólar americano firmando pode tirar o suporte de preços de Nova Iorque, fazendo alguns fundos jogar a toalha e liquidar alguns “longs” de seus livros de futuro. A indústria aproveitará as baixas para fixar seus preços, haja vista o risco de não fazer isto e eventualmente acontecer qualquer perda adicional de produção em um cenário que não tem espaço para diminuição na produção mundial.
A arbitragem entre o arábica e o robusta será determinante para o contrato “C” não romper os US$ 140.00 centavos e testar níveis menores. Segundo uma casa comercializadora respeitada, os torradores precisam comprar bastante futuros no robusta, uma situação que vimos no arábica no último trimestre de 2016 e que levou Nova Iorque para os US$ 170.00 centavos. Por outro lado uma vez ajustado os livros de futuros, precisaremos de novidades para evitar uma liquidação natural que se seguirá.
É importante o contrato de maio não quebrar a mínima da semana, US$ 139.65 centavos, o que seria tecnicamente negativo e pressionaria as cotações no curto-prazo. Na parte de cima do gráfico novas compras devem ser estimuladas caso a resistência de US$ 151.50 seja alcançada.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting