Visão de lavouras da mesma variedade, plantadas na mesma época e bem manejadas, porém, uma irrigada por gotejamento à direita e a outra conduzida no sistema convencional de sequeiro, em período de seca prolongada durante o mês de outubro de 2007.
Por Fabio Alvarenga | Polo do Café
Após a segunda fase do Treinamento em Tecnologias Sustentáveis para Extensionistas da EMATER-MG, encerrada na última sexta-feira (4) na Universidade Federal de Lavras (UFLA), um dos destaques da programação foi a apresentação da palestra “Aspectos Práticos da Irrigação por Gotejamento em Café”, feita pelo engenheiro agrônomo, consultor e assessor técnico autônomo em cafeicultura convencional e irrigada, Clayton Grillo Pinto, na terça-feira (1).
O foco da apresentação contemplou os benefícios da irrigação para o cultivo do café, mesmo em regiões em que o volume de chuvas não é limitante para a cultura, como é o caso do sul de Minas Gerais.
O palestrante enfatizou que, no caso da água para produção agrícola, o volume mínimo exigido pela cultura é fundamental, mas, igualmente importante é a distribuição das chuvas, uma vez que há determinadas fases em que as plantas necessitam de água naquele momento para completar a contento seu ciclo de produção. Assim, as lavouras irrigadas não sofrem com a falta de água nos veranicos, que são períodos sem chuva e geralmente com temperaturas altas durante a época das águas.
O consultor mostrou que no caso do café os benefícios da irrigação são certos, visto que o aumento da produtividade é significativo. Em comparação com lavouras conduzidas no sistema de sequeiro, as irrigadas tiveram média de produtividade 40% superior, com 60,34 sacas beneficiadas por hectare contra 43,10 no sequeiro, e o mais importante: em oito safras consecutivas. Estas informações são de uma propriedade localizada no município de São Sebastião do Paraíso, no sudoeste de Minas.
Após a colheita de 2009 o cafeicultor Francisco José Tonin, satisfeito com o resultado da irrigação, ampliou o sistema para os talhões até então não irrigados. “Instalamos o gotejamento em 2000, e as safras colhidas a partir de 2002 foram influenciadas pela irrigação. Faço conta, e depois de oito colheitas seguidas não teve jeito. Investi e passei a irrigar o restante de minhas lavouras”, disse o cafeicultor empresário.
Clayton Pinto ressaltou a importância de se seguir todos os passos e montar um sistema de irrigação de alto padrão, automatizado e que permita a prática, não só da fertirrigação, como também da aplicação de defensivos agrícolas por meio do sistema.
“Para usufruir de todos os benefícios do gotejamento, o cafeicultor deve procurar uma empresa idônea e utilizar materiais de primeira linha, pois, deve haver precisão na aplicação, de forma que dentro de cada setor de irrigação todas as plantas recebem a mesma quantidade de água, independentemente da topografia do terreno”, explicou o consultor.
Quanto ao aspecto mais questionado, ou seja, se financeiramente compensa investir na irrigação, o cafeicultor Francisco Tonin deu mais detalhes. “O ano de 2011 foi de safra baixa na minha fazenda. Colhi 34,8 sacas por hectare e mesmo assim tive um retorno líquido de R$ 0,57 para cada um real investido. Já em 2012, o retorno líquido foi de R$ 1,16 por cada real aplicado na atividade, com as 64,4 sacas produzidas por hectare”.
A título de informação, as lavouras em questão são mecanizadas, mas, com repasses manuais em operações como manejo de plantas invasoras, colheita e varrição.
Durante a apresentação o consultor enfatizou que, com a irrigação por gotejamento, gasta-se menos água em relação a outros sistemas. O consumo a mais é de 20% quando se utiliza a tripa e chega a 40% com o pivô central LEPA, mais usado na cafeicultura.
“A água bem manejada tem sua enorme importância, mas, além da irrigação e da fertirrigação, o cafeicultor deve estar sempre atento aos demais fatores relacionados ao manejo de suas lavouras, devendo para isto solicitar as orientações de profissionais habilitados”, disse.
Por fim, Clayton diz que falar em novos investimentos em momentos de crise na cafeicultura parece estar na contramão da lógica, mas que se enganam os que pensam assim. Ele completa. “Talvez seja este um bom momento para investir, lembrando que algumas instituições financeiras oferecem linhas de crédito com juros baixos em relação à média praticada pelo mercado, com bom período de carência e longo prazo para pagar”, finalizou.