fonte: Cepea

Irrigação e Cafeicultura: Como aumentar a produtividade e a qualidade do café

Especialista da UNESP destaca a importância da escolha de equipamentos, aplicação da água e manejo eficiente na Fenicafé 2025

9 de abril de 2025 | Sem comentários Produção

A irrigação tem um impacto direto na produtividade e na qualidade do café, sendo uma ferramenta essencial para evitar déficits hídricos e garantir maior uniformidade na lavoura. Durante a Fenicafé 2025, o Prof. Dr. Luiz Fabiano Palaretti, da UNESP Jaboticabal, explicou como os produtores podem otimizar seus sistemas de irrigação para obter os melhores resultados.

“O café precisa de um suprimento hídrico adequado para se desenvolver plenamente. A irrigação bem manejada permite controlar melhor o crescimento das plantas, garantir um café de maior qualidade e reduzir perdas”, destacou Palaretti. O especialista dividiu sua abordagem em três enfoques principais: equipamentos, aplicação da água e manejo do sistema de irrigação.

Tecnologia a favor da eficiência – No primeiro enfoque, Palaretti ressaltou que a irrigação não se resume ao uso de um único equipamento, mas sim a um sistema composto por diferentes componentes. “Muitas vezes, os produtores pensam que basta instalar gotejadores, mas o sistema envolve filtros, injetores, reservatórios e um planejamento hidráulico bem estruturado”, explicou.

O avanço tecnológico tem impulsionado melhorias significativas na irrigação. Hoje, é possível contar com emissores autocompensantes, que mantêm a vazão uniforme mesmo com variações de pressão. Além disso, a automação, a inteligência artificial e a Internet estão revolucionando a forma como controlamos os sistemas de irrigação.

Para escolher o melhor equipamento, Palaretti recomenda que o produtor avalie critérios como:

  • Adequação do equipamento aos parâmetros hidráulicos do projeto;
  • Conhecimento das características do sistema adotado;
  • Uso para fertirrigação e injeção de produtos químicos;
  • Nível de treinamento necessário para operação;
  • Necessidade e periodicidade de manutenção.

O professor também alertou sobre a importância de monitorar a pressão do sistema. “O irrigante deve aferir periodicamente a pressão com um manômetro. Pequenas variações podem comprometer a eficiência da irrigação, afetando diretamente a produtividade”, explicou.

Evitar desperdícios e maximizar eficiência – O segundo ponto abordado foi a correta aplicação da água, visando minimizar perdas por evaporação e deriva. “Quando a irrigação entra em operação, precisamos nos atentar para fatores como vento e radiação solar, que podem levar a perdas significativas”, destacou Palaretti.

Para reduzir essas perdas, ele sugere algumas estratégias:

  • Uso de sistemas localizados: Aplicar água de maneira mais direcionada reduz o desperdício.
  • Densidade do plantio: Quanto maior a densidade de plantas, menor a área exposta ao sol, reduzindo a evaporação.
  • Cobertura do solo (mulching): O uso de cobertura vegetal ou sintética protege o solo e minimiza a perda de umidade.

Além disso, o especialista alertou sobre o escoamento superficial e a percolação da água no solo. “Se a intensidade de aplicação for maior do que a capacidade de infiltração do solo, parte da água será perdida. Isso pode ser evitado ajustando a lâmina aplicada conforme a textura do solo”, explicou.

Para solos argilosos, recomenda-se espaçamentos maiores entre os emissores (1,0 a 1,25 m), enquanto em solos arenosos o espaçamento deve ser menor (0,30 a 0,60 m), pois a água se infiltra rapidamente. “Outro ponto importante é a limpeza do sistema. O uso de hipoclorito de sódio na concentração correta evita o entupimento dos emissores e mantém a eficiência da irrigação”, acrescentou.

A chave para um sistema eficiente – Por fim, Palaretti destacou a importância do manejo adequado após a instalação do sistema. “Saber quando e quanto irrigar é essencial. O produtor precisa monitorar constantemente a umidade do solo, as condições climáticas e a demanda hídrica da planta”.

Ele comparou o solo a um reservatório de água: “A planta faz ‘saques hídricos’ para seu crescimento e, quando a reserva diminui, precisamos ‘reabastecer’ com a irrigação. Se errarmos na reposição, podemos gerar déficit hídrico ou desperdício de água”.

Atualmente, sensores de umidade do solo e estações agroclimatológicas ajudam nessa tomada de decisão. “Com o avanço da telemetria, os produtores podem integrar dados do solo, do clima e da planta para um manejo mais preciso e eficiente”, concluiu.

Ao encerrar, o Prof. Dr. Luiz Fabiano Palaretti reforçou a importância de um planejamento estratégico e do uso correto da irrigação para garantir um café de alta qualidade e produtividade. Com tecnologia, conhecimento técnico e um manejo eficiente, os produtores podem maximizar seus rendimentos e tornar suas lavouras mais sustentáveis e rentáveis.

Confira a palestra completa pelo nosso Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=TuJZUlUX-jo

Fenicafé 2025 - Projetos de irrigação para café, o que saber para sucesso na cafeicultura irrigada?

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