ECONOMIA
28/09/2007
Ipea: país avançou pouco no social
Para Márcio Pochmann, inclusão social esbarra na falta de reformas
Fabiana Ribeiro
Os avanços econômicos brasileiros nas últimas décadas não foram acompanhados por melhorias sociais. A avaliação é de Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que participou ontem do Fórum Nacional, organizado pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, no BNDES.
— O Brasil deixou de ser uma grande fazenda de café, em cinco décadas, para se tornar um país urbano. Esse êxito material não foi acompanhado pelo sucesso no campo social.
Para ele, a inclusão social do país esbarra em reformas que não progrediram, como a tributária, a agrária e a social: — Não conseguimos universalizar educação, habitação, transporte e saúde, que são bens públicos disponíveis em sociedades desenvolvidas.
Segundo Pochmann, o Brasil enfrenta ainda obstáculos de crescimento que não são comuns a economias maduras e desenvolvidas: — Não temos uma moeda de curso internacional, o sistema produtivo não se mostra suficientemente capaz de produzir e difundir tecnologia em grande dimensão e não temos poder militar relevante.O economista prevê, no entanto, que ainda neste século deve haver transformações no mercado de trabalho.
— Do ponto de vista técnico, já é possível. Mas politicamente… Em vez das oito horas diárias, seriam quatro horas durante três dias por semana. A nova economia permite trabalhar menos horas, mas mais intensamente. Tudo depende de uma pressão social — disse ele, para quem a educação ganha mais destaque nesse novo sistema.