30/03/2009 – As tecnologias e os conhecimentos gerados pela pesquisa científica com café conillon pelo Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) ganham espaço fora do Espírito Santo. No sábado passado foi lançado no município de Pirapora, em Minas Gerais, por meio de uma parceria entre o Instituto e a iniciativa privada, um projeto piloto de pesquisa que servirá como unidade de observação para verificar o comportamento do conillon em condições de clima e solo distintos do Estado.
O evento vai reunir mais de 500 pessoas ligadas ao agronegócio. Serão avaliados a produtividade, a qualidade da produção, a incidência de pragas e doenças e os manejos da planta, do solo e da irrigação numa área que, apesar de também ser quente – como os locais onde se cultiva o conillon no Espírito Santo, é uma região de vegetação de cerrado, com solo e clima diferentes do Estado. Os primeiros resultados sobre o comportamento da planta poderão surgir já nos próximos dois anos, quando acontece a primeira colheita.
Foram disponibilizados para o projeto 130 mil mudas das variedades clonais do conillon Vitória, do Robustão Capixaba – lançadas pelo Incaper –, e de outros clones promissores. Esses materiais genéticos foram implantados em janeiro deste ano numa área de 44 hectares, em altitude aproximadamente de 600 metros, às margens do Rio São Francisco.
O coordenador estadual do Programa de Cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão, que participou do lançamento do projeto, explicou que além de materiais com alto padrão genético e do acompanhamento dos técnicos do Incaper, outras tecnologias preconizadas pela pesquisa também serão utilizadas. “Mudas de boa qualidade, espaçamento dentro das recomendações técnicas, que resultam em uma densidade de plantio em torno de três mil plantas por hectare, adubação de acordo com a análise de solo, irrigação por pivô central, entre outros cuidados serão colocados em prática na Unidade”.
As tecnologias desenvolvidas pelo Incaper contribuem para a melhoria da produtividade da lavoura cafeeira e a rentabilidade do produtor O diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, afirmou que o projeto mostra a expansão da pesquisa do Instituto. “É a tecnologia e o conhecimento capixaba saindo das fronteiras do Espírito Santo, sendo reconhecida e utilizada por pessoas que valorizam o Estado. A tecnologia que o Incaper detém precisa ser testada em outras condições. Extrapolar as nossas divisas e buscar outras experiências só irá trazer crescimento para a pesquisa”, ressalta.
A fazenda mineira onde está instalado o projeto pertence ao empresário Ricardo Tavares, que possui investimentos ligados ao agronegócio no Espírito Santo: a fábrica Sucos Mais, comprada recentemente pela Coca Cola, e a empresa de polpa de frutas Trop Frutas do Brasil, a qual é um dos proprietários. Ricardo Tavares disse que o interesse em testar o conillon em Minas Gerais surgiu pela sua admiração com a cafeicultura capixaba e pelo potencial que percebeu no conillon do Espírito Santo. “Conheço a alta produtividade do conillon capixaba e acredito que vai dar certo em Pirapora, pela região também ser quente. O trabalho sério que o Incaper desenvolve, junto com o esforço do agricultor capixaba, sempre voltado para o cultivo, é empolgante, nos impulsiona”, afirma Tavares. O presidente do Incaper Evair de Melo acredita que essa parceria entre o público e o privado tende a se consolidar cada vez mais. “É muito promissor contarmos com respeitados profissionais, que decidem investir no Estado, e consolidar investimentos em conjunto com o Governo, com o objetivo comum de desenvolver o agronegócio”.