Indústrias querem reajustes de até 20%, Sara Lee reajustou em 15% o preço do café Pilão esta semana.

Supermercadista diz que novas tabelas de preços das empresas que usam commodities em seus produtos foram apresentadas na virada do mês

19 de fevereiro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: 18/02/2011 22:02:00 - Estadão

Marcelo Rehder, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO – A escalada do preço das matérias-primas (commodities) no mercado internacional já provocou alta da inflação no Brasil e deve pressionar ainda mais os preços nos próximos meses. Na virada de janeiro para fevereiro, os produtores de alimentos industrializados e artigos de higiene pessoal e limpeza doméstica – que usam de açúcar a petróleo em suas fórmulas – apresentaram novas tabelas de preços aos supermercados.

As novas tabelas preveem aumentos entre 5% e 7%, mas em alguns casos, como o dos detergentes líquidos e refrescos em pó, os reajustes chegam a 20%. \”O nível de reajuste está forte e não está dando para negociar porque o mercado está aquecido\”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), Sussumu Honda.

Nos produtos de limpeza, que usam matérias-primas petroquímicas, a indústria quer emplacar aumentos de 8% e 9%. Em alguns casos, o porcentual é maior. A Química Amparo, dona do detergente líquido Ipê, propõe reajuste de 20%. Até o fechamento desta edição, a empresa não havia retornado as ligações da reportagem.

As novas listas incluem alimentos industrializados que já haviam subido nos últimos meses. Entre eles, estão produtos que usam muito açúcar, como o refresco em pó Tang, da Kraft Foods, reajustado em 20%. A Kraft não retornou as ligações.

Outro exemplo é o café em pó. A Sara Lee reajustou em 15% o preço do café Pilão esta semana. Procurada pela reportagem, a Sara Lee disse que a proposta de reajuste não é uma questão da empresa, mas de todo o mercado. Entre os derivados de tomate, o aumento médio ficou entre10% e 11%. Nos produtos da marca Po marola, a alta foi de12%. A Unilever informou que não comenta política de preços.

\”Os fornecedores aproveitaram a virada de ano para tentar impor nova política de preços\”, diz um empresário do setor de supermercados que não quer ser identificado.
O impacto no bolso do consumidor depende das negociações. Geralmente, os supermercados conseguem descontos sobre os preços de tabela. Mas, este ano, a disputa ficou mais acirrada, pois o consumo está aquecido. Os supermercados trabalham com estoque suficiente apenas para a reposição semanal, e ninguém quer ficar sem produto. \”Se você não compra, alguém compra\”, diz o presidente da Abras.
Além da queda de braço entre indústria e varejo, os aumentos de preço também dependem da disposição do consumidor em aceitar os aumentos. Se o reajuste é exagerado, as vendas caem.
\”A reação do consumidor é imediata\”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Massas Alimentícias (Abima), Cláudio Zanão. \”Só que os custo s pressionam os aumentos. No caso do macarrão, a farinha de trigo representa 70% do custo de produção. \”Se essa matéria-prima tem alta, não há como não repassar.\”

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