Indústria vê importação de café robusta pelo Brasil abaixo da cota

A indústria que mais vai se beneficiar das inéditas compras externas brasileiras de café verde, uma vez que usa majoritariamente robusta como matéria-prima, vê uma melhora no mercado local e algumas poucas ofertas, após as discussões para a importação, di

22 de fevereiro de 2017 | Sem comentários Consumo Torrefação

SÃO PAULO (Reuters) – A importação de café robusta pelo Brasil deverá ficar abaixo da cota de 1 milhão de sacas de 60 kg que recebeu uma tarifa mais baixa por decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), disse nesta terça-feira um dirigente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).

A indústria que mais vai se beneficiar das inéditas compras externas brasileiras de café verde, uma vez que usa majoritariamente robusta como matéria-prima, vê uma melhora no mercado local e algumas poucas ofertas, após as discussões para a importação, disse o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima.

Mas a melhora da liquidez, propiciada pela queda acentuada dos preços do robusta no mercado interno ante as máximas alcançadas no ano passado, está longe de ser suficiente para garantir a competitividade da indústria nacional, afirmou ele à Reuters.

“Não acreditamos que vai atingir essa cota, é mais importante que tenhamos o mecanismo e segurança para fazer negócios do que propriamente importar o café. Quando tem segurança, conseguimos ter mais competitividade, até que se normalize a oferta no Brasil, e a gente torce para que apareça café”, disse ele.

De acordo com a decisão da Camex da semana passada e publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União, a tarifa de importação foi reduzida de 10 para 2 por cento para uma cota de 1 milhão de sacas, que deve valer até maio.

Outra indicação de que a cota não será atingida é o preço do café no Brasil e no Vietnã. Segundo Lima, os valores entre o produto vietnamita posto no porto de Santos e o grão brasileiro estão muito próximos.

“Está muito equivalente: variando 2 dólares para cima ou abaixo nos últimos quinze dias”, afirmou ele, acrescentando que as mais recentes notícias sobre as autorizações para importação tiveram pouco impacto no mercado.

“Hoje não tem problema de preço, o grande problema é que não se consegue comprar (pela falta do produto). Quando se pode importar, as empresas brasileiras podem ser mais agressivas no mercado e pode haver alguma importação ou outra.”

Segundo Lima, ainda faltam algumas questões burocráticas para que as importações possam ser realizadas dentro da cota com tarifa mais baixa, como licenças de importação concedidas pelo governo e atos concessórios para o “drawback”, mecanismo que restitui o imposto pago na importação pela empresa que reexporta o produto industrializado.

O “drawback” poderia ocorrer com uma autorização fitossanitária publicada pelo Ministério da Agricultura para a importação do produto do Vietnã, o maior produtor global da variedade robusta.

Enquanto isso, a bancada ruralista no Congresso tem feito pressão contra a importação na defesa de interesses dos cafeicultores do Espírito Santo, contrários à liberação das compras pelo Brasil, maior produtor e exportador global, que produz em sua maioria café arábica.

O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) protocolou na Mesa do Senado Projeto de Decreto Legislativo para sustar a autorização dada pelo Ministério da Agricultura à importação de café verde do Vietnã.

E há outros movimentos do gênero ocorrendo em Brasília, que incluem reunião nesta tarde de parlamentares defensores dos produtores com o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que deverá levar o assunto ao presidente Michel Temer.

Fonte: Reuters

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