Indústria química quer proteção para fertilizantes

9 de agosto de 2013 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: Estado de São Paulo

09/08/2013


Governo analisa pedido feito por empresas do setor, como Vale e Petrobrás, para elevar a taxa de matérias-primas importadas


Indústrias químicas e fabricantes de fertilizantes no Brasil, como Vale e Petrobrás, buscam proteção tarifária para elevar a atratividade e a taxa de retorno de novos investimentos projetados em US$ 13 bilhões até 2017.


A Câmara de Comércio Exterior (Camex) está prestes a decidir, nos próximos dias, sobre a restauração da Tarifa Externa Comum (TEC) para 16 tipos de matérias-primas importadas. As sobretaxas, de 4% a 10%, foram criadas em 2001, mas estão suspensas desde 2006, quando passaram a integrar alista de exceção à TEC, de produtos fora do Mercosul.


Mesmo dividido, o governo acolheu o pedido de análise das empresas para elevar a proteção a produtos nitrogenados, fosfatados e adubos nacionais. A proposta inclui, ainda, a revisão da alíquota da TEC para potássio.


Empresas como a nacional Galvani, a canadense Mbac e a sul-africanaAnglo American insistem que amedidanão elevará custos no campo nem incidirá nos índices de inflação de maneira significativa. O sindicato das indústrias (Sinprifert) afirma que “somente” 63% das matérias-primas seriam taxadas. A Associação da Indústria Química (Abiquim) estima impacto inflacionário de 0,02%, sem reflexo no preço final da cestabásica.


O pedido está sob análise de um grupo de trabalho da Camex desde julho. Os vários ministérios que compõem o colegiado têm interesses e visões distintas, apurou o Estado. A Fazenda, por exemplo,tem avalizado uma política contrária ao pedido dos industriais, autorizando redução das tarifas de importação, exatamente para afastar pressões sobre a inflação.


Disputa. Mas há ponderações internas, assim como no Ministério do Desenvolvimento, em relação ao expressivo volume de investimentos emjogo. O governo tem tentado, de várias formas e com diversos programas, atrair capital privado para estimular a atividade econômica.


Os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrá-rio,entretanto, são contra. Querem evitar uma potencial elevação de custos aos produtores rurais, sobretudo em um momento de pressão do dólar, que baliza boa parte dos insumos. “Vale e Petrobrás têm muito peso nessa retomada dos investimentos. E têm força política”, diz uma fonte do governo envolvida nas negociações. A elevação da TEC poderia ser dividida em duas etapas, avalia a Camex. “É algo que podemos fazer”, diz o presidente executivo da Abi-quim, Fernando Figueiredo.


A conta da importação desses produtos é salgada. Em 2012, custou ao País US$ 8,6 bilhões em adubos e fertilizantes. Até junho, somou US$ 4,23 bilhões -US$1 bilhão acima de igual período do ano passado. Consultadas, Petrobrás e Vale não se pronunciaram separadamente, mas reencaminharam questões à Abiquim e Sinprifert.


Os produtores rurais são contra a medida. E evocam a elevação de 25% dos custos com fertilizantes na comparação com a última safra. “Na soja, em Mato
Grosso, subiu de R$ 464 para R$ 580 por hectare em média”, diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira. “Enquanto o agronegóciotenta correr, o governo engatinha debatendo aumento de custos.”


PARALEMBRAR


A última tentativa que o governo fez para resolver o problema dos fertilizantes foi em 2009. O então ministro da Agricultura Reinhold Stephanes apresentou plano nacional para garantir autos-suficiência desses produtos.


À época, o ministro acusou a existência de um oligopólio no setor. Foi além: disse que o governo incentivaria a importação direta dos produtos e tentou um acordo com as cooperativas para tornar realidade o desejo.


De lá para cá, quase nada mudou. O País aprofundou sua dependência de fertilizantes importados. E, segundo dados do sindicato das empresas, houve redução no número de indústrias fabricantes desses insumos.
 

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