25/03/10
SÃO PAULO – Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), alertou ontem para o que considera empobrecimento do setor. Segundo ele, os preços do produto subiram, em média, 35% nos últimos 15 anos, enquanto o valor da cesta básica avançou cerca de 300% no período. \”O quilo do café está em R$ 10, em média, faz cerca de 4 anos, como reflexo da realidade do setor de produção, onde as cotações também não sobem\”, afirmou.
De acordo com o representante da indústria, cerca de 60% do custo de produção do café torrado e moído é com matéria-prima. No entanto, segundo ele, falta ao campo condições para valorizar o grão, que está depreciado. O resultado é que \”os cafeicultores discutem o endividamento do setor, transferindo o problema de perda de valor da matéria-prima para a indústria\”, explicou.
Conforme Herszkowicz, a indústria tem estimulado a oferta de grãos de melhor qualidade, com maior valor agregado, para tentar recuperar a rentabilidade. Além disso, o setor reivindica a retomada dos leilões dos estoques oficiais, com prazo de pagamento de 18 meses.
Estima-se que o governo tenha em mãos cerca de 480 mil sacas, além de outras 180 mil sacas do plano de retenção, de 2000. A indústria sugere, ainda, a venda dos contratos de opção pública, lançados no ano passado. A Abic pede também que seja mantido em 2010 o volume de recursos da ordem de R$ 300 milhões da linha de Financiamento para Aquisição de Café (FAC), oferecida no ano passado, com juros de 6,75% ao ano.
O setor espera, ainda, que no próximo mês seja liberada Linha Especial de Crédito (LEC). Com essas medidas, Nathan acredita que \”a indústria terá condições para tomar fôlego. Caso contrário, vai submergir\”.
Consumo
Pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) afirma que o café é uma das bebidas preferidas da população brasileira e que os índices de consumo estão se consolidando.
Segundo o estudo, em 2009, 97% dos entrevistados – homens e mulheres com mais de 15 anos – declararam que haviam consumido café no dia da pesquisa e no dia anterior, mesmo percentual registrado em 2008. Há sete anos, porém, esse índice era de 91%.
Herszkowicz, avaliou o crescimento como consistente. \”Estamos perto de 100% e a questão é como continuar a crescer\”, disse. A solução adotada pelo setor tem sido estimular a frequência de consumo, com resultados positivos.