Indústria de café tenta reajustar em até 30% preços ao varejo

19:08 13/01

13 de janeiro de 2006 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Reuters

SÃO PAULO (Reuters) – As indústrias de café torrado e moído negociam aumentos de até 30 por cento no preço do produto com os supermercados, informou nesta sexta-feira a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). O reajuste médio, porém, deve ficar entre 12 e 15 por cento.

Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic, disse à Reuters que as empresas precisam readequar seus preços às recentes altas do café no mercado internacional.

Na bolsa de Nova York, por exemplo, o preço do café para entrega em março subiu 24,3 por cento no intervalo entre 1o de dezembro de 2005 e o fechamento desta sexta-feira. E, na visão de Herszkowicz, a tendência de alta deve permancer.

“A safra do Brasil não será tão grande quanto exigem o consumo interno e a exportação. Além disso, os estoques brasileiros estão nos níveis mais baixos das últimas décadas. Acredito que o preço do café verde deva se firmar em níveis mais altos”, afirmou.

Segundo ele, o café torrado foi o produto que menos subiu de preço nos últimos 11 anos, desde o início do Plano Real: 24 por cento, contra 130 por cento de elevação no custo da cesta básica.

O dirigente disse que as indústrias já começam a discutir os reajustes com os supermercados. Ele explicou que algumas empresas chegaram a promover aumentos pontuais no ano passado e poderão reajustar os preços em até 15 por cento.

Outras, no entanto, não repassaram nenhum aumento em 2005. “Essas precisariam de correções acima de 25 por cento. São inúmeras empresas, mas acredito que sejam uma minoria”, afirmou o dirigente, que prevê uma “negociação árdua” com os supermercados.


AUMENTO DIFÍCIL

O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Sussumu Honda, afirmou que as negociações ainda não começaram de fato, mas adiantou ser “muito difícil” o varejo absorver até mesmo o repasse de 15 por cento, pretendido por algumas indústrias.

“Não estamos em um período do ano que emplaque um aumento desse. Está calor, as pessoas normalmente consomem menos café”, afirmou. Com relação às marcas que pretendem um reajuste de 30 por cento, ele disse: “Acho que a empresa que subir o preço nesse nível vai ter queda nas vendas.”

Honda afirmou que as conversas entre indústrias e supermercados devem começar efetivamente na próxima semana. E que um aumento, se houver, ocorreria somente em fevereiro, já que, segundo ele, as redes têm café em seus estoques.

Uma fonte do mercado disse à Reuters, no entanto, que algumas planilhas com os reajustes sugeridos pelas indústrias já chegaram às grandes redes de supermercados, com aumentos que variam de 6 a 30 por cento.

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