19/09/2014
Indústria de café prevê alta de preços se safra passar por seca
Associação afirma que reajustes foram represados neste ano
ISABELA PALHARES DE RIBEIRÃO PRETO
A Abic (Associação Brasileira das Indústrias de café) não promete “segurar” a alta do preço do café para o ano que vem 2015, como fez neste ano, caso a próxima safra seja afetada pela seca.
A afirmação é de Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da associação. Segundo ele, as indústrias reduziram a margem de lucro para não repassar ao consumidor a alta do preço da saca do café.
“Algumas indústrias chegaram a pagar a matéria-prima [grãos de café] até 80% mais cara, mas aumentaram o produto em apenas 18% ou 20%. No próximo ano, não vão ter mais gordura” para segurar a alta”, disse.
Segundo estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), feita em agosto, a falta de chuva de dezembro a fevereiro impactou na formação dos frutos, o que fez com que a safra de 2014 ficasse 8% menor do que a do ano passado.
O café tem periodicidade bianual. Isso significa que, após um ano com boa safra, a produção cai no ano seguinte. Portanto, a safra deste ano deveria ser maior que a de 2013, que teve produção de 49,1 milhões de sacas.
Anselmo Magno, da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), de Franca, diz que, apesar da queda na produção, os produtores em geral foram beneficiados com os altos preços.
“Se na nossa região a produção caiu até 15%, por outro lado vendemos a saca por até o dobro do preço do ano passado. O problema é para a próxima safra, pois os estoques estarão baixos com duas safras pequenas”, disse.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a saca do café subiu 51% entre janeiro e agosto, alcançando R$ 437,20.