Indefinição nos preços do café preocupa mercado e produtor

Por: DCI

04/07/2014 –


Nayara Figueiredo


Ainda sob os reflexos de problemas climáticos, o mercado de café apresenta valores indefinidos para os próximos meses e já se espera mais uma safra menor no período de 2014/2015. Em plena colheita, os cafeicultores veem que a quebra deve ser menor que o estimado, mas a alta dos preços ainda não foi suficiente para compensar a produção perdida.


“O que vemos diariamente nas lavouras é que o preço que está sendo praticado hoje ainda é muito defasado, entre 30% e 40%. Cobre os custos de produção, mas o produtor vem com dívidas de outros anos. Isso acaba sendo pior do que se houvesse uma safra cheia com vendas a valores mais baixos”, explica o técnico agrônomo da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal), Celso Scanavachi.


Para os próximos meses, o cenário ainda é incerto, mas a analista de mercado de café do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Caroline Ochiuse Lorenzi, conta que a expectativa de colaboradores do instituto é de que os preços possam avançar um pouco, sobretudo para a produção de maior qualidade. No entanto, esse avanço deve ser limitado.


“No âmbito internacional, o cenário também não está bem definido. Os preços continuam oscilando com força, influenciando na flutuação interna. Essa oscilação está atrelada, em alguns momentos, às expectativas de que a quebra na safra brasileira não seja tão elevada quanto apontado anteriormente e, em outros, ao receio de que a disponibilidade mundial do grão fique reduzida”, avalia a analista.


Esse cenário pode persistir até que se tenha uma dimensão mais exata da produção nacional e também do que será colhida em outros importantes países, como Colômbia, Vietnã, Indonésia, que iniciam as atividades no final do segundo semestre.


Nesta semana, a Organização Internacional do Café (OIC) informou que as exportações globais do grão totalizaram 9,62 milhões de sacas em maio deste ano, queda de 5,6% sobre as 10,19 milhões de sacas embarcadas no mesmo mês de 2013.


“Com a queda na produção brasileira as exportações mundiais devem se reduzir, somos o maior exportador. Há uma redução de 1,5 milhão de sacas estimada pela OIC para o ano de 2014, com base principalmente nos embarques brasileiros”, diz o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) e presidente executivo do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé-SP), Nathan Herszkowicz.


Produção


Os estados do Espírito Santo, Rondônia e sul da Bahia já fizeram a colheita do café conilon. De acordo com Herszkowicz, agora estamos entre 30% e 35% da colheita do arábica, situado justamente nas regiões afetadas pela estiagem do início do ano – e também maiores produtores como Minas Gerais e São Paulo.


O técnico agrônomo da Coopinhal comenta que as poucas chuvas que ocorreram no decorrer do semestre ainda não recuperaram as plantas, o déficit hídrico é alto em algumas regiões e houve perda nas folhas. Com isso, a safra 2014/2015 pode estar fadada a produzir grãos de menor qualidade tanto pela bianualidade da cultura, quanto pelos efeitos climáticos.


Especialistas também trabalham com cerca de 80% na probabilidade de El Niño, porém, o adiantamento das chuvas acontece com mais intensidade nos estados do Sul, mas os efeitos na cafeicultura do Sudeste não devem ser grandes.

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