Incaper avalia que cafeicultura está ameaçada após Brasil liberar importação de café do Peru

Por: Rádio CBN Vitória (93,5 FM)

NATALIA DEVENS | ncosta@redegazeta.com.br
Rádio CBN Vitória (93,5 FM)



O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de café no mundo, e mesmo assim o governo federal liberou a importação de grãos do café do tipo arábica do Peru. O Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) alerta que a mercadoria estrangeira pode trazer doenças, representando risco direto à cafeicultura regional e nacional. A autorização para importar o café peruano foi concedida no último dia 30 de abril.

Foi publicada uma instrução normativa sobre a Análise de Risco de Pragas (ARP), que é a conclusão de um processo para autorização de compras do café no país vizinho. Dessa forma, os requisitos fitossanitários para importação dos grãos produzidos no Peru foram aprovados pelo Ministério da Agricultura. A compra seria de 10 mil sacas de café arábica verde do Peru.

 

Mas essa liberação já preocupa o Espírito Santo de diversas formas. Primeiro aos órgãos técnicos, que consideram a vinda do café peruano uma ameaça às plantações locais, devido ao risco de trazer doenças patogênicas. É o que afirma o diretor técnico do Incaper, Lúcio Herzog Demuner.

“Há o risco de se introduzir no país pragas que não existem aqui. Que existem em outros locais, como o Peru, e outros países, e que se introduzidos poderão desestabilizar a produção de café e de outras culturas, com graves impactos sociais e principalmente econômicos”, disse à Rádio CBN Vitória.

 


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Incaper avalia que cafeicultura está ameaçada após Brasil liberar importação de café do Peru

Reflexos

Além do risco da ocorrência de pragas, o diretor técnico do Incaper avalia que a importação resulta em prejuízos aos cafeicultores brasileiros. Atualmente, 25 mil propriedades no Espírito Santo cultivam café arábica. Esse cultivo gerou a produção de três milhões de sacas em 2014. O Estado é o segundo maior produtor do país. 

A cafeicultura representa cerca de 45% da renda rural capixaba. Lúcio Herzog Demuner destaca que a medida é extremamente prejudicial, por vir justamente no período de entrada de safra do café no Brasil – que vai de maio a julho. O diretor acredita que esta medida sinaliza que o país não tem oferta para honrar a demanda, e a entrada de grãos do exterior pressionará ainda mais as cotações do café, fazendo com que os produtores percam renda e competitividade.

As indústrias do café alegam que com os grãos do Peru será possível concorrer com o produto industrializado importado. O setor produtivo e os órgãos técnicos discordam, segundo Demuner. “Se o argumento dos importadores é o acesso à matéria-prima de qualidade para a indústria brasileira competir com outras, nós entendemos que o Brasil tem os melhores cafés, nas regiões brasileiras, para se fazer os blends para o consumidor brasileiro”, argumentou.

Mobilização

O senador Ricardo Ferraço (PMDB) e o deputado federal Evair de Melo (PV) irão propor um movimento nacional para barrar essa autorização. O Conselho Nacional do Café (CNC) informou que já enviou ofícios à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e à presidente Dilma Rousseff (PT), solicitando a imediata suspensão da aprovação de requisitos fitossanitários para importação de café produzido no Peru.

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