O café é uma importante commodity agrícola e o Brasil ocupa posição de destaque, como o maior produtor e exportador mundial. Contudo, é um produto vulnerável às flutuações de preço no mercado. Nesse sentido, a diversificação da produção é uma importante estratégia para manter o equilíbrio econômico da propriedade e seu cultivo com espécies arbóreas pode ser uma alternativa.
A associação do cafeeiro com espécies arbóreas além de diversificar a fonte de renda do agricultor, por meio do fornecimento de diferentes produtos, apresenta outros benefícios como: maior biodiversidade, favorecendo a sustentabilidade do sistema; melhoria ou conservação da fertilidade do solo, inclusive com diminuição de erosão; redução da incidência de plantas daninhas e da seca-dos-ponteiros no cafeeiro; e diminuição da bienalidade de produção do cafeeiro, o que gera maior estabilidade de produção. As árvores também contribuem para melhorar o microclima e a qualidade do café, o qual agrega maior valor ao produto. Esse fator é de grande importância, uma vez que a exigência por cafés de qualidade, tanto no mercado nacional como internacional, está cada vez mais intensa, sendo imprescindível para a manutenção e conquista de novos mercados.
A arborização de cafezais, especialmente com espécies leguminosas, pode diminuir a necessidade de adubação, devido à sua capacidade de fixação biológica de nitrogênio, reduzindo os custos de produção.
Apesar do Brasil ser o maior produtor e exportador de café, o cafeeiro é originário do continente africano, de regiões de altitude elevada e clima ameno e úmido. Nessas regiões, é encontrado naturalmente no sub-bosque da floresta, onde cresce sob constante sombreamento. Isso demonstra que o café é uma planta originalmente adaptada à sombra e em muitos países, principalmente na América Latina, é comum seu cultivo em associação com diversas espécies arbóreas, que além de fornecerem sombra à cultura, têm outras finalidades, tais como aumento da biodiversidade, conservação do solo, adubação verde, produção de madeira, lenha, frutos e outros produtos. No Brasil, é tradicionalmente plantado em monocultivo, ou seja, a pleno sol (sem sombra), apresentando boa produtividade, mas essa prática exige a aplicação de grandes quantidades de insumos, principalmente adubos.
O comportamento produtivo do cafeeiro sob sombreamento é muito variável, em função de fatores como condições locais de clima e de solo, a cultivar utilizada, as espécies sombreadoras, os espaçamentos e arranjos das espécies, graus de sombreamento e manejo adotado no sistema. A literatura é farta em exemplos demonstrando incrementos, decréscimo ou invariabilidade da produção de café, devido à arborização. No entanto, em condições ambientais adequadas e com a utilização intensiva de insumos, plantios a pleno sol normalmente produzem mais do que os arborizados. Todavia, alguns trabalhos de pesquisa têm demonstrado que em regiões marginais, ou seja, onde as condições de solo e de clima não são plenamente favoráveis à cultura, a prática de sombreamento moderado pode beneficiar o cafeeiro, aumentando sua produtividade, além de propiciar outros benefícios já citados anteriormente.
Na região amazônica, em virtude das temperaturas elevadas, forte radiação solar e solos de baixa fertilidade natural, é aconselhável que o cafeeiro seja plantado sob condições de moderado sombreamento (20% a 35% de irradiância). As árvores sombreadoras amenizam as elevadas temperaturas e o excesso de radiação solar, criando um ambiente mais adequado ao desenvolvimento da cultura. É importante ressaltar que o sombreamento precisa ser dosado, ou seja, não deve ser excessivo, pois pode causar inúmeros prejuízos. Sombreamentos intensos, com espécies de copas frondosas e densidade elevada, podem ocasionar queda severa na produção, pois nessas condições as árvores competem severamente por luz, água e nutrientes com o cafeeiro.
No Brasil e no mundo, têm sido desenvolvidas diversas pesquisas relacionadas ao sombreamento de cafeeiro. Tais estudos envolvem várias espécies arbóreas, como seringueira (Hevea brasiliensis), paricá (Schizolobium amazonicum), gliricídia (Gliricidia sepium), freijó (Cordia alliodora), grevílea (Grevillea robusta), bracatinga (Mimosa scabrella), eritrina (Erythrina spp.), coqueiro (Cocos nucifera), ingazeiro (Inga spp.), pupunheira (Bactris gasipaes), bananeira (Musa spp.), cajueiro (Anacardium occidentale), entre outras. Acredita-se que uma prática essencial na condução da cafeicultura familiar sustentada é o emprego da técnica da arborização, ou seja, o seu sombreamento ralo.
Apesar de ainda haver muitas lacunas científicas a serem preenchidas quanto ao uso da arborização em cafeeiro no Acre, pesquisas desenvolvidas em outros estados, como Rondônia, evidenciam as vantagens do uso dessa prática agrícola. Mas, muitas questões ainda requerem pesquisas e, nesse sentido, a Embrapa Acre está conduzindo projetos a fim de que se possam obter informações corretas e mais específicas para as condições locais.
AUTORIA
Aureny Maria Pereira Lunz
Engenheira-agrônoma
D.Sc. em Fitotecnia
Pesquisadora da Embrapa Acre
E-mail: aureny@cpafac.embrapa.br
O café é uma importante commodity agrícola e o Brasil ocupa posição de destaque, como o maior produtor e exportador mundial. Contudo, é um produto vulnerável às flutuações de preço no mercado. Nesse sentido, a diversificação da produção é uma importante estratégia para manter o equilíbrio econômico da propriedade e seu cultivo com espécies arbóreas pode ser uma alternativa.
A associação do cafeeiro com espécies arbóreas além de diversificar a fonte de renda do agricultor, por meio do fornecimento de diferentes produtos, apresenta outros benefícios como: maior biodiversidade, favorecendo a sustentabilidade do sistema; melhoria ou conservação da fertilidade do solo, inclusive com diminuição de erosão; redução da incidência de plantas daninhas e da seca-dos-ponteiros no cafeeiro; e diminuição da bienalidade de produção do cafeeiro, o que gera maior estabilidade de produção. As árvores também contribuem para melhorar o microclima e a qualidade do café, o qual agrega maior valor ao produto. Esse fator é de grande importância, uma vez que a exigência por cafés de qualidade, tanto no mercado nacional como internacional, está cada vez mais intensa, sendo imprescindível para a manutenção e conquista de novos mercados.
A arborização de cafezais, especialmente com espécies leguminosas, pode diminuir a necessidade de adubação, devido à sua capacidade de fixação biológica de nitrogênio, reduzindo os custos de produção.
Apesar do Brasil ser o maior produtor e exportador de café, o cafeeiro é originário do continente africano, de regiões de altitude elevada e clima ameno e úmido. Nessas regiões, é encontrado naturalmente no sub-bosque da floresta, onde cresce sob constante sombreamento. Isso demonstra que o café é uma planta originalmente adaptada à sombra e em muitos países, principalmente na América Latina, é comum seu cultivo em associação com diversas espécies arbóreas, que além de fornecerem sombra à cultura, têm outras finalidades, tais como aumento da biodiversidade, conservação do solo, adubação verde, produção de madeira, lenha, frutos e outros produtos. No Brasil, é tradicionalmente plantado em monocultivo, ou seja, a pleno sol (sem sombra), apresentando boa produtividade, mas essa prática exige a aplicação de grandes quantidades de insumos, principalmente adubos.
O comportamento produtivo do cafeeiro sob sombreamento é muito variável, em função de fatores como condições locais de clima e de solo, a cultivar utilizada, as espécies sombreadoras, os espaçamentos e arranjos das espécies, graus de sombreamento e manejo adotado no sistema. A literatura é farta em exemplos demonstrando incrementos, decréscimo ou invariabilidade da produção de café, devido à arborização. No entanto, em condições ambientais adequadas e com a utilização intensiva de insumos, plantios a pleno sol normalmente produzem mais do que os arborizados. Todavia, alguns trabalhos de pesquisa têm demonstrado que em regiões marginais, ou seja, onde as condições de solo e de clima não são plenamente favoráveis à cultura, a prática de sombreamento moderado pode beneficiar o cafeeiro, aumentando sua produtividade, além de propiciar outros benefícios já citados anteriormente.
Na região amazônica, em virtude das temperaturas elevadas, forte radiação solar e solos de baixa fertilidade natural, é aconselhável que o cafeeiro seja plantado sob condições de moderado sombreamento (20% a 35% de irradiância). As árvores sombreadoras amenizam as elevadas temperaturas e o excesso de radiação solar, criando um ambiente mais adequado ao desenvolvimento da cultura. É importante ressaltar que o sombreamento precisa ser dosado, ou seja, não deve ser excessivo, pois pode causar inúmeros prejuízos. Sombreamentos intensos, com espécies de copas frondosas e densidade elevada, podem ocasionar queda severa na produção, pois nessas condições as árvores competem severamente por luz, água e nutrientes com o cafeeiro.
No Brasil e no mundo, têm sido desenvolvidas diversas pesquisas relacionadas ao sombreamento de cafeeiro. Tais estudos envolvem várias espécies arbóreas, como seringueira (Hevea brasiliensis), paricá (Schizolobium amazonicum), gliricídia (Gliricidia sepium), freijó (Cordia alliodora), grevílea (Grevillea robusta), bracatinga (Mimosa scabrella), eritrina (Erythrina spp.), coqueiro (Cocos nucifera), ingazeiro (Inga spp.), pupunheira (Bactris gasipaes), bananeira (Musa spp.), cajueiro (Anacardium occidentale), entre outras. Acredita-se que uma prática essencial na condução da cafeicultura familiar sustentada é o emprego da técnica da arborização, ou seja, o seu sombreamento ralo.
Apesar de ainda haver muitas lacunas científicas a serem preenchidas quanto ao uso da arborização em cafeeiro no Acre, pesquisas desenvolvidas em outros estados, como Rondônia, evidenciam as vantagens do uso dessa prática agrícola. Mas, muitas questões ainda requerem pesquisas e, nesse sentido, a Embrapa Acre está conduzindo projetos a fim de que se possam obter informações corretas e mais específicas para as condições locais.
AUTORIA
Aureny Maria Pereira Lunz
Engenheira-agrônoma
D.Sc. em Fitotecnia
Pesquisadora da Embrapa Acre
E-mail: aureny@cpafac.embrapa.br