Importação de café peruano é suspensa pelo governo federal

Segundo deputado federal Evair de Melo, a revogação da liberação vale por 90 dia

Por: Luísa Torre | ltorre@redegazeta.com.br

A autorização dada pelo Ministério da Agricultura que permitia a importação do café verde peruano foi suspensa por 90 dias. Quem confirmou a informação foi o deputado federal Evair de Melo, que integra as frentes parlamentares da Agropecuária e do Café na Câmara dos Deputados.

Segundo ele, o ministro Blairo Maggi assinou, nesta sexta-feira (19), uma portaria que revoga a liberação de importação do grão. Para Melo, a chegada do produto peruano ao Brasil traria prejuízos aos produtores de café de todo o país, e também aos capixabas. “Com maior oferta de café no mercado, os produtores iriam perder cerca de R$ 150 por saca. O Espírito Santo vai colher 9 milhões de sacas este ano, o que daria R$ 1,350 bilhão de rombo na economia capixaba. E isso não significaria preço menor para o consumidor”, diz Melo.

O deputado lembra que os produtores do Espírito Santo já se encontram em situação delicada por causa da seca que atinge o Estado. “Com a produção reduzida e mais esse problema, iria quebrar a agricultura do Espírito Santo”.
Por isso, Melo diz que foi pessoalmente, junto com o senador Ricardo Ferraço, até o ministro para pedir que fosse suspensa a autorização. A movimentação também teve apoio do Conselho Nacional do Café.

De acordo com o senador Ricardo Ferraço, essa é a segunda vez que a importação é autorizada e desautorizada. “O Brasil produz em torno de 50 milhões de sacas de café, consome 20 milhões, então temos um excedente gigantesco de café. Temos concorrência internacional desleal de países como Vietnã e Índia, porque lá os meios de produção não são compatíveis com os do Brasil, eles não têm regras trabalhistas e nem ambientais. Então, abrir o mercado de importação de café verde é um contrassenso”, critica.

Pragas

O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, disse que hoje é um dia de comemoração para os produtores de café do Estado. “A importação tem uma questão sanitária. É um café com risco de trazer novas doenças para as plantas do Brasil, esse é um ponto relevante”, destaca.

O secretário também criticou a burocracia do ministério. “O que mais me incomoda é que vira e mexe o ministério cria dificuldades para o produtor. É uma estrutura burocrática enorme e a maior reivindicação dos produtores é desburocratizar o ministério”, comenta.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, no entanto, informou que desconhece a informação de revogação da liberação de importação.

Entenda

Primeira tentativa

Em abril de 2015, o Ministério da Agricultura publicou uma instrução normativa permitindo que as indústrias brasileiras importem grãos verdes do Peru.

Pressão

Há alguns anos, o governo federal era pressionado a mudar as regras para permitir a entrada no Brasil de grãos de café verdes de outros países.

Fábrica

Em 2014, a Nestlé investiu numa fábrica de café em cápsula em Minas Gerais, que usaria na produção a maior parte do café nacional. Mas até 35% poderia ser importada. A fábrica pretendia comprar 50 mil sacas de café por ano do Vietnã, Etiópia, Quênia e Colômbia.

Suspensão e retomada

Em maio do ano passado, a importação foi suspensa. Em 9 de maio deste ano, a suspensão foi revogada.

Preocupação

A principal preocupação dos capixabas é que a importação possa ocasionar queda no preço do grão do café no mercado interno e risco de pragas às plantações do país, e também a outras culturas.

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