Agronegócio sustentável é tema de Núcleo Temático na BW Expo, Summit e Digital 2020, que contou com quatro apresentações ministrada por especialistas
A evolução do agronegócio brasileiro foi pautada pela aplicação de ciência, inovação, tecnologia e sustentabilidade. Com isso, foi possível aumentar exponencialmente a produção agrícola, elevando a quantidade de safras por ano. “Não existe um país no mundo onde a sociedade privada responda por 25% da preservação das áreas de cobertura vegetal. Além disso, temos uma lei maravilhosa que é o Código Florestal”, disse Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em sua palestra O Agro Frente à Imagem Brasil no Exterior na BW Expo, Summit e Digital 2020, que está sendo realizada virtualmente entre 17 e 19/11. Para acessar o evento, basta clicar neste link.
Segundo ele, atualmente, o mundo vem discutindo como serão os mercados, os aportes financeiros e o funcionamento do sistema de carbono, que pode ser a terceira safra brasileira. “Não tem nenhum país do mundo que a somatória do agro com meio ambiente pode trazer tanto lucro”, afirmou.
A ABAG, que é curadora do Núcleo Temático Agronegócio Sustentável na BW, faz um monitoramento externo em publicações no idioma inglês para saber como está a repercussão do agronegócio brasileiro no mundo. De acordo com Brito, desde o ano passado, houve uma mudança de comportamento sobre as questões da detração da imagem do setor, com a entrada da questão política. Os assuntos que já acompanham a imagem do país há muitos anos são: desmatamento e incêndios, questões indígenas e os agroquímicos.
Foram monitoradas 79 mil publicações negativas sobre o Brasil no twitter, que reverberaram por 390 milhões de pessoas em todos os continentes, com Europa e Estados Unidos como líderes dessas notícias. “Os efeitos políticos da agenda ambiental brasileira e da forma como se lidou com a Covid-19 são os principais pontos negativos sobre o Brasil. Em curto prazo, não haverá efeitos para o agro”, ponderou Britto.
Contudo, o presidente da ABAG avaliou que se esse processo se manter por um período longo, a história ensina que a marca Brasil será machucada, afetando todos os setores da economia. “Mesmo que eu produza fora da região da Amazônia, quando eu importo um produto não pergunto a região de importação, mas de qual nação ela vem, independente do estado”. Um exemplo desse efeito negativo no longo prazo foi a Indonésia, cujos produtos perderam valor agregado e que hoje trabalha fortemente para reverter a imagem do país.
Para Brito, o Brasil deve utilizar toda sua estrutura de inteligência técnica, política, comercial e econômica para mostrar ao mundo o que existe de bom no país. “Sempre estivemos entre os top 3 e top 5 na liderança dos processos ambientais no mundo. Porém, hoje, o Brasil não faz parte de nenhuma comissão internacional que determina o futuro socioambiental do mundo. Como já tivemos essa liderança, precisamos recuperá-la”, finalizou.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Essa pujança do agronegócio brasileiro ressaltada por Brito pode ser comprovada por números trazidos pela Embrapa Solos. Nos últimos 40 anos, houve uma evolução da ordem de 390% na produção e de 200% em produtividade, com um aumento de área relativamente pequeno, em torno de 60%. Isso promoveu um efeito de poupar 250 milhões de hectares (ha) de terra.
Para Renato do Aragão Ribeiro Rodrigues, pesquisador em Mudança do Clima da Embrapa Solos, que ministrou a palestra A Revolução Produtiva do Século XXI: Integração Lavoura-Pecurária-Floresta, o agricultor é um agente protetor da natureza, conservando a vegetação nativa de sua propriedade. Isso porque 66% de toda a área brasileira é destinada à vegetação nativa, sendo que 20,5% está dentro dos imóveis rurais.
A questão ambiental tem sido um tema prioritário no agronegócio, por isso estão sendo implementadas tecnologias e sistemas que possibilitam uma agricultura de baixo carbono e outros benefícios no meio ambiente. “A complexidade do mundo requer cada vez mais soluções integradas, o que significa que lidar com esses desafios requer uma abordagem sistêmica que gerencie as complexidades de maneira sustentável, responsável e ética”, comentou Rodrigues.
Nesse sentido, a tecnologia Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) vem crescendo fortemente no país. Em 2005, eram menos de 2 milhões de hectares. Já em 2020, são 17,5 milhões ha. A meta, bastante ousada, é chegar em 2030 com, no mínimo, 30 milhões de ha. “A tecnologia pode ser adotada por qualquer tipo de produto, em todos os biomas e em vários formatos. Além de aumentar a produtividade, reduz riscos na produção, agrega valor aos produtos e aumenta a qualidade ambiental, reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas e mitigando as emissões de gases de efeito estufa”, explicou o pesquisador.
Oportunidades
O Núcleo Agronegócio Sustentável contou ainda com mais duas apresentações. A primeira teve como tema Os desafios da Inovação para a Promoção da Competitividade e Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio e foi ministrada por Wellington Galassi, membro do comitê de Inovação da ABAG, que forneceu um panorama sobre o ecossistema global de empreendedorismo e de inovação, citando a valorização da experiência do usuário e o fortalecimento da economia digital. “Cerca de 80% do fluxo global de comércio envolve a exportação de intangíveis, ou seja, tudo aquilo que não é físico. Mas, isso não se aplica no Brasil, ainda baseada em commodities”.
Ele trouxe ainda três pontos importantes para competitividade do agronegócio em nível global, como a governança do dado, a governança ambiental, social e corporativa (ESG) e a experiência do usuário, no qual o consumidor se tornou o centro das operações. “A primeira é uma mudança advinda da era digital, que está alterando como a riqueza é gerada nas economias. Hoje, o dado é o principal insumo da atividade econômica, transformando negócios”. No segundo item, Galassi ressaltou que o ESG também envolve a diversidade e o agro deverá lidar com essa temática se quiser sobreviver nesse novo modelo global de negócios.
Já a segunda palestra ficou a cargo de Antonio Carrere, Diretor de Planejamento Estratégico para América Latina da John Deere, que abordou o tema Agricultura Sustentável. “O agro é a vocação do Brasil. Enquanto o país usa apenas 30% da área para produção de alimentos, os Estados Unidos tem 74% da área voltada para essa atividade. Temos muito potencial para produzir mais, sem gerar desmatamento e promovendo a sustentabilidade”.
Mas, para alcançar esse potencial, Carrere afirmou que é preciso contar a realidade do agro nacional, ou seja, trazer uma narrativa positiva sobre o setor. Mostrar, por exemplo, os avanços tecnológicos que corroboram para a sustentabilidade, como o ILPF e o plantio direto, e a modernização do setor atualmente com a aplicação de ferramentas virtuais para gerenciamento, monitoramento e rastreabilidade.
Totalmente virtual, com transmissão pelo site oficial, a BW conta com mais de 100 horas de conteúdo, atividades interativas, ações de relacionamento e de negócios e exposição de produtos, serviços e tecnologias. A programação tem palestras, webinars e debates relacionados ao nove Núcleos Temáticos: Agronegócio Sustentável, Conservação de Recursos Hídricos, Construção Sustentável, Economia Circular, Reciclagem de Resíduos na Construção, Resíduos Sólidos, Transformação Energética – Hidrogênio, Valorização de Áreas Degradadas e Waste-to-Energy.
Serviço
BW Expo, Summit e Digital 2020
Data: 17 a 19 de novembro
Horário: a partir das 14h00
Informações, inscrições e programação: www.bwexpo.com.br