illycaffè corteja cafeicultor brasileiro

13 de março de 2006 | Sem comentários Cafeteria Consumo


São Paulo, 13 de Março de 2006 – Mimos incluem viagem à Itália e programas de aprimoramento da produção do grão. Há dois anos, o executivo italiano Andrea Illy, CEO da torrefadora illycaffè, começou a aprender português para se comunicar com seus maiores fornecedores, os produtores brasileiros. “Não tenho necessidade de aprender espanhol para me comunicar com os cafeicultores da América Central ou o hindi, falado na Índia. Hoje o café brasileiro representa 50% do nosso blend, e por isso é uma questão empresarial aprender o idioma”, diz o executivo, em um português esforçado, porém carregado de sotaque italiano.


O interesse pelo português não é uma mera cortesia. Desde o início da década de 90, a illycaffè vem construindo num trabalho de formiguinha uma rede de fornecedores de café gourmet, cujo quilo custa quase o dobro do café convencional.


Em 1991, a empresa tinha 263 produtores cadastrados. Hoje são quase 700. “A illycaffè tem uma das melhores carteiras de produtores de café do Brasil. Fazem parte da lista virtualmente os melhores cafeicultores do País”, reconhece uma fonte da indústria, que prefere não se identificar.


A empresa comprou no ano passado cerca de 160 mil sacas de cafés especiais, uma pequena parcela da produção brasileira, estimada entre 2 milhões e 3 milhões de sacas.


Para assegurar o fornecimento do que considera ser “o melhor do melhor”, conforme diz Andrea, a empresa paga ágio sobre o café commodity, premia os melhores fornecedores e criou uma espécie de cartão de milhagem, semelhante àqueles que premiam os passageiros mais fiéis com passagens aéreas gratuitas.


A pontuação depende da quantidade de café gourmet entregue à empresa. Os maiores fornecedores ganham todos os anos uma viagem de uma semana à Europa, com tudo pago. “É uma maneira de recompensarmos nossos mais fiéis fornecedores”, explica Andrea.


A empresa é a única do Brasil que tem um programa de fidelização com os cafeicultores, ou “parceiros”, como ela prefere chamá-los. Na América do Sul, a Starbucks tem programa semelhante na Colômbia.


Além da viagem, que inclui visita a Veneza e tour pela fábrica em Trieste, os cafeicultores também ganham cursos e palestras gratuitas para debaterem formas de aprimorar a produção do grão.


“Gostei da viagem que fiz à Itália, mas o que aprecio mesmo são os cursos, onde posso aprender formas de produzir um café de melhor qualidade e, desta maneira, aumentar minha receita”, diz José Carlos Grossi, produtor em Patrocínio, município do Cerrado Mineiro.


A empresa deve decidir nesta semana se irá abrir sua primeira cafeteria no Brasil. “É um teste. Vamos medir a reação dos consumidores para então decidir se vamos investir na expansão”, diz Andrea. O projeto de cafeterias começou há três anos e está presente em 15 países.


(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 14)(Lucia Kassai)

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.