ILLY vai selecionar café em Santos

23 de novembro de 2007 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: Gazeta Mercantil

AGRONEGÓCIO
23/11/2007 
  
São Paulo, 23 de Novembro de 2007 – A Illycaffè pretende transformar a exportadora Porto de Santos Comércio e Exportação Ltda em um centro de preparo do café verde para ser exportado para Itália, sede da torrefadora. Há um ano e meio a empresa virou acionista majoritária da empresa de Santos (SP), antes controlada pela família Carvalhaes. A idéia é construir uma base de armazenagem, com máquinas eletrônicas, que permita embarcar a commodity sem nenhum defeito para aquele país.


Embora o produto brasileiro já passe por uma rigorosa avaliação, o presidente da torrefadora italiana Ernesto Illy, informou que em cada mil lotes de café embarcado para a o seu país ainda há um percentual de 1% a 2% de grãos com defeitos, que são totalmente eliminados na sede da torrefadora, onde ocorre a seleção final do café, por meio de máquinas eletrônicas.


“A intenção é montar um centro do processamento de seleção no Brasil igual ao que existe na Itália”, disse Illy à Gazeta Mercantil. Sem citar a cifra a ser investida no projeto, o empresário italiano afirmou ainda que pretende realizá-lo em dois a três anos. Illy quer trazer para o Brasil o modelo de máquina que existe hoje na sede – fabricada em parceria com a companhia inglesa, Sortex – que tem capacidade de selecionar entre quatro e cinco toneladas de café por hora, o equivalente a 400 a 500 mil quilos por 60 segundos. A idéia é aprimorar ainda mais a qualidade da bebida fabricada pela Illycaffè. Se fosse utilizar o trabalho manual, para atingir tal produção, seriam necessárias 150 pessoas.


“Controlamos grão por grão, porque para se fazer uma xícara de café são utilizados 52 grãos. E deixar passar um grão com defeito e´ como misturar um ovo estragado (em uma gemada); estraga tudo. A mesma coisa acontece com o café: um grão com defeito pode prejudicar a qualidade de 49 grãos sem defeitos”, disse o empresário, que chegou ao Brasil domingo para participar da degustação do café dos 10 finalistas do 17º Prêmio Brasil do Café para Expresso, promovido pela italiana no Brasil. Hoje ele segue para Milão. Essa é a terceira vez no ano que o empresário visita o País. Ele voltará ao Brasil apenas em 07 de março de 2008, quando será realizada a entrega do prêmio.


A Porto de Santos, que trabalha com exclusividade para a Illycaffè há 17 anos, já faz um rígido controle na qualidade do café fornecido a torrefadora. Hoje a seleção é realizada por armazéns terceirizados. O objetivo da torrefadora, entretanto, é ter controle absoluto do processo da avaliação da commodity, para evitar exportar grãos desnecessários para Itália, o que na prática representa redução de custos.


O presidente da Illycaffè – que deve faturar neste ano entre € 270 e € 280 milhões, cifra de 12% maior que os € 250 milhões em 2006 – descarta o interesse de comprar 100% da Porto de Santos Comércio e Exportação Ltda. Hoje a italiana detém 51% do capital da companhia. “Não queremos isso, gostamos de trabalhar com a família Carvalhaes”, declara.


Para ele, o aumento da receita da empresa deve-se ao aumento da procura por cafés mais sofisticados, principalmente pelo público jovem. “O mundo está buscando produtos mais finos e o nosso café é top em qualidade”, complementa o presidente da empresa.


O Brasil é um dos principais fornecedores de café arábica da Illicaffè, responsável por 50% do blend da empresa. As compras do café brasileiro, pela torrefadora, diz Illy, aumentam de 10% a 15% a cada ano. Da safra 2006/07, ele diz a empresa adquiriu 170 mil sacas de café do Brasil. Ele não quis fazer previsões de compra para atual safra. A Illycaffè usa nove espécies de cafés nos blends dela, proveniente de 16 países, entre eles Brasil, Índia, Etiópia, Colômbia e Guatemala.


Para o empresário italiano, o Brasil deve se tornar o maior consumidor de café nos próximos cinco anos – ultrapassando os Estados Unidos, que adquirem atualmente 21 milhões de sacas de café. Isso porque a taxa de crescimento do País é de 5%, acima da média mundial.


(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 8)(Viviane Monteiro) 

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