As perspectivas de preços no curto prazo não são animadoras e o fantasma do endividamento crônico assombra algumas regiões do País. Mesmo assim o parque cafeeiro paulista cresceu 34% nos últimos dez anos. Os dados são censo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, por meio do Projeto Lupa, e foram citados em um estudo de pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA) intitulado “singularidades do cafeicultor paulista cooperado”.
É um trabalho interessante, que mostra que os cafeicultores cooperados atingem produtividades acima das obtidas pelos produtores independentes, apresentam maior tamanho médio do parque cafeeiro com maior parcela em cultivo adensado, têm melhor instrução acadêmica, aumentaram sua área cultivada com café no período analisado e possuem maior parcela da renda advinda da agropecuária.
Os cafeicultores cooperados foram em grande parte responsáveis pelo incremento de 131 milhões de plantas no parque cafeeiro paulista nos últimos dez anos, para 511 milhões de pés. Os técnicos observam que o plantio de plantas mais jovens, derivadas de materiais geneticamente superiores, em maior grau de adensamento, permitem que se preveja um auspicioso horizonte para a cafeicultura paulista. A maturidade produtiva dos novos cafeeiros deve ser alcançada entre o nono ao décimo ano, fase essa que perdura pelas próximas cinco ou seis safras consecutivas, quando então a planta inicia uma tendência de diminuição da produtividade, caso medidas como as podas de condução não sejam corretamente empregadas.
O estudo mostra que uma parcela considerável dos cafeicultores cooperados utiliza computador na gestão de suas propriedades. Em relação aos independentes, o uso de computadores é mais que o dobro entre os cooperados. Entre os cooperados, o acesso à internet já alcança dois terços dos cafeicultores e a metade no outro grupo. “Conhecendo o volume de informações e análises que são diariamente produzidas sobre o segmento, a facilidade de acesso à web é, sem dúvida, uma vantagem competitiva nas tomadas de decisões.”
Em relação ao crédito rural, os pesquisadores comentam que o passado inflacionário da economia brasileira, o incipiente seguro rural e a ausência de linhas mais apropriadas para os cafeicultores familiares ainda fazem do autofinanciamento a principal estratégia na mobilização dos recursos necessários para conduzir a safra. Mesmo entre os cafeicultores cooperados, menos da metade utiliza o crédito rural. Eles observam que o autofinanciamento limita a expansão dos negócios e consideram necessário um esforço de modelagem de linhas de financiamento mais apropriadas, que permitam endividamento sem os elevados riscos de dilapidação patrimonial. Esse é um desafio para toda cafeicultura brasileira.