São Paulo, 5 – Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) confirmaram ontem a expectativa de testar níveis mais baixos. Os fundos foram vendedores em vez de compradores, o que pressionou os preços.
O volume de negócios foi relativamente baixo, concentrado principalmente nos spreads. As rolagens de posição vão se intensificando, antes do início do período de notificação de entrega do vencimento março, a partir do dia 19. As opções para março vencem na próxima quarta-feira (11).
Com a elevação dos prêmios pelo café colombiano, de melhor qualidade, as torrefadoras estão tirando café dos estoques certificados da ICE, que têm caído dia após dia, informa traders. Ontem houve redução de 5.258 sacas, para 4.234.594 sacas.
O vencimento para março encerrou em baixa de 2,8% (menos 335 pontos). A mínima chegou a marcar 115,30 cents (menos 395 pontos). Segundo analistas, as cotações foram pressionadas por vendas de produtores de Brasil e Colômbia. Especuladores liquidaram contratos de compra e embolsaram parte dos ganhos registrados no último mês, o que intensificou a queda. A escassez de compras da indústria abriu espaço para o movimento. A máxima foi de 119,25 cents, mesmo nível do fechamento anterior.
Tecnicamente, o movimento de ontem foi baixista. O suporte é de 115 cents. Abaixo desse nível, o mercado pode buscar 113,50 cents, que é a média móvel de 50 dias, informa um operador da Newedge Group. No entanto, existe expectativa de que o mercado se recupere. A resistência é de 117,50 cents e 123,50 cents.
Isso depende, no entanto, do apetite dos fundos de investimento, que tomaram lucro ontem e reduziram a posição comprada. As indústrias do Hemisfério Norte já estão bem cobertas para o inverno e pouco devem oferecer no que se refere ao apetite de compras. “A indústria apenas belisca alguns lotes, pois não tem necessidade imediata”, diz o operador da Newedge.
De acordo com a fonte, será preciso algum fato novo, como novidade nos fundamentos, que já são positivos, para impulsionar novamente os preços. O operador acrescenta que a redução das incertezas na economia global muito provavelmente também ajudaria as cotações.
Os preços do café robusta também registraram forte queda no mercado futuro de Londres (Liffe). O vencimento para março encerrou o pregão cotado a US$ 1.597/t, em baixa de US$ 62 ou 3,4%. Segundo analistas, a commodity cedeu frente a um grande volume de vendas de produtores do Vietnã, que retornaram ao mercado após a comemoração do ano novo lunar na semana passada.
Preço recua no físico
A comercialização de café no mercado físico esfriou ontem à tarde, depois da forte queda dos contratos futuros de arábica na Bolsa de Nova York. “O câmbio também não ajudou”, diz um corretor de Santos (SP).
Os futuros em Nova York recuavam quase 3% pouco antes do fechamento. O dólar encerrou em baixa de 0,47%, a R$ 2,3090. Com esse cenário, comenta-se que a saca de 60 kg de café teve desvalorização de cerca de 7 reais a 10 reais, em relação ao dia anterior.
O comentário na praça de Santos é de que café tipo 6, bebida dura, com 15% a 13% de catação, foi negociado na parte da manhã a R$ 280 a saca, no sul de Minas. A cooperativa dos cafeicultores de Varginha teria vendido cerca de 2,7 mil sacas para a cooperativa dos cafeicultores de Guaxupé. À tarde, o mesmo produto teria sido cotado nominalmente a R$ 270/R$ 275 a saca. Café cereja descascado foi cotado a R$ 290/R$ 295, na parte da manhã. Produto para consumo interno tinha cotação a R$ 235 a saca.
O valor à vista em reais do indicador do café Arábica calculado pela Esalq ficou em R$ 272,89/saca (-2,39%). Em dólar, o valor ficou em US$ 118,18/saca (-1,93%). A prazo, a cotação ficou em R$ 274,44/saca (-2,39%).
Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em janeiro alcançam 1.995.204 sacas. Em dezembro passado foram embarcadas 2.968.259 sacas. O Cecafé deve divulgar hoje os resultados definitivos de janeiro.