São Paulo, 24 – Os operadores do mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) estavam ontem com olhos e ouvidos atentos ao depoimento de autoridades monetárias, como o presidente do Federal Reserve (FED), Ben Bernanke, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, no Comitê Bancário do Senado norte-americano.
Eles esclareceram dúvidas sobre o programa de ajuda de US$ 700 bilhões ao mercado financeiro dos EUA, por meio da criação de uma agência que compraria títulos podres dos bancos. Sob um sistema de leilão reverso, várias empresas vão apresentar seus lances para vender seus ativos ao Tesouro.
Conforme um operador da Newedge Group, o mercado de café esteve praticamente paralisado, acompanhando esses depoimentos. O volume de contratos em aberto na ICE diminuiu, mas a queda não é representativa.
O mercado físico mundial está praticamente travado. No Brasil, o enfraquecimento do dólar em relação ao real fechou uma das únicas válvulas de escape da comercialização. Com real desvalorizado, o café brasileiro ganhava competitividade no exterior.
A possibilidade de morosidade na aprovação do socorro ao sistema financeiro repercutiu negativamente sobre os preços de todas as commodities. O clima de desconfiança leva os operadores do mercado de café a precificar algum risco de o plano ser inconsistente, avalia o operador. Assim, o contrato para dezembro encerrou em baixa de 1,24% (menos 170 pontos), a 134,90 cents. A máxima chegou a marcar 137,80 cents (mais 120 pontos), na parte da manhã, favorecida pela queda do dólar em relação à outras moedas.
À tarde, porém, a moeda foi impulsionada pelo declínio nos preços do petróleo e por um fluxo de busca de segurança para os títulos do Tesouro norte-americano. Dezembro marcou mínima de 134,55 cents (menos 205 pontos).
O operador da Newedge considera que a crise financeira nos EUA deve continuar no centro das atenções. Na sexta e segunda-feira passadas ainda houve um lampejo de fatores fundamentais prevalecendo no mercado de café. Ontem, porém, as dúvidas sobre o programa de ajuda ao sistema financeiro e a possibilidade de que sua aprovação pelo Senado e Congresso não seja rápida interromperam os ganhos em commodities.
Nesta quarta-feira, a tensão continua. O presidente do Fed depõe sobre as perspectivas da economia em audiência do Comitê Econômico Conjunto do Congresso, em Washington, a partir das 11h (de Brasília). Às 15h30 (de Brasília), Bernanke e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, depõem sobre a situação e a perspectiva dos mercados financeiros durante audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, em Washington.
Físico tem pouca venda e preço firme O mercado físico de café continua fraco de vendedores, mas com preços firmes. “As vendas vão apenas pingando”, diz um corretor de Santos. O exportador também não mostra urgência de compra, a não ser para cumprir compromisso de embarque imediato.
Conforme a fonte, os preços do café, em reais, mantêm-se firmes, sem acompanhar proporcionalmente as perdas no mercado futuro da Bolsa de Nova York. O dólar fechou ontem em alta de 2,06%, a R$ 1,83, favorecendo a competitividade do produto nacional no exterior. No entanto, a queda dos contratos em Nova York (menos 1,24%, base dezembro), anulou parte dos ganhos cambiais.
O comentário na praça de Santos é que café tipo 6, fino, do cerrado, com 10% de catação, era cotado entre R$ 265/R$ 270 a saca de 60 kg. Café tipo 6, de boa qualidade, com 15% de catação, tinha cotação de R$ 260/R$ 265 a saca.
O valor à vista em reais do indicador do café Arábica calculado pela Esalq ficou em R$ 261,42/saca (-0,44%). Em dólar, o valor ficou em US$ 142,85/saca (-2,45%). A prazo, a cotação ficou em R$ 262,91/saca (-0,44%).
Na BM&F de São Paulo, os contratos futuros de café arábica fecharam em queda. Dezembro recuou 2,00, a US$ 162,50 a saca. Março/09 também caiu 2,00, a US$ 166,20 a saca.
O leilão de CPR (aviso 13.758), realizado ontem pelo Banco do Brasil, teve oferta de 10 lote. Nenhum deles foi negociado.
Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em setembro, até ontem, alcançavam 1.575.524 sacas, em alta de 19,7%, em relação ao observado no mesmo período do mês anterior. Em agosto foram embarcadas 1.889.052 sacas. Este mês, até ontem, foram emitidos certificados de origem de 1.902.919 sacas, resultado 9,7% maior em comparação com o mesmo período do mês anterior.