As bolsas tiveram mais uma semana de forte volatilidade, com alguns índices como o S&P variando mais de 4%, para cima ou para baixo, em quatro das últimas seis sessões – uma verdadeira montanha-russa.
O nervosismo foi influenciado parcialmente pela diminuição da nota de risco para títulos de agências americanas como a Fannie Mae e Freddie Mac, assim como estatísticas do Departamento Nacional de Pesquisa Econômica (NBER) que apontam chances de 50% de uma nova recessão nos Estados Unidos.
Do lado europeu a vulnerabilidade dos bancos, principalmente os franceses, voltou a assustar os investidores. Um dos principais motivos da grande exposição dos bancos da região foi a estratégia agressiva que quase todo banqueiro resolveu adotar até dois anos atrás. Em suma os bancos tomaram dinheiro emprestado em países com juros baixos, e compraram títulos de países que emitiam dívida com juros maiores (em função de uma situação fiscal pior do que os primeiros), e esta arbitragem fez com que a taxas de juros de economias como a da Alemanha ficassem próximas de economias como a Irlandesa, Espanhola ou a Grega – uma distorção que tem custado caro.
Outro fator que deve continuar a machucar as instituições financeiras é a manutenção dos juros americanos em nível recorde de baixa até meados de 2013, conforme declaração do FED. Esta medida aliada ao fim da impressão de novo dinheiro para compra de títulos por parte do tesouro (vulgo QE), e um crescimento de PIB baixo com taxas de desempregos altas, dificultarão a vida dos bancos e da economia.
Por outro lado o custo do dinheiro continuando barato, e uma pressão inflacionária em mercados emergentes sendo considerada um fator de menor preocupação do que uma nova recessão, devem direcionar algum dinheiro para a compra de commodities.
O nosso mercado de café começou a semana fazendo uma nova mínima, chegando próximo dos US$ 230 centavos por libra em Nova Iorque, mas encontrando bom interesse de compra dos torradores, e portanto recuperando para fechar o período acima dos US$ 240 centavos.
Como os preços do mercado físico nas origens se mantêm altos, e os diferenciais longe de níveis que interessem os compradores, as casas comerciais aproveitam a oportunidade e estendem sua cobertura no “flat-price”. Prova disso tem sido o aumento da posição bruta-comprada destes participantes (conforme o COT), que saiu de 51,477 lotes no dia 12 de julho, para 61,977 lotes na última terça-feira, um incremento equivalente a 3 milhões de sacas, e que deve aumentar caso os preços não subam muito.
No Brasil os exportadores têm sofrido para conseguir comprar café abaixo de R$ 450.00 a saca, nível que parece ter sido traçado como o “mínimo” aceitável pelos produtores. O efeito é a cautela das vendas para os importadores, que esperam por uma janela de compra, retraindo seus interesses e dando a impressão de uma fraca demanda, que neste momento me parece prematuro em ser lido como negativo para o terminal.
No robusta a firmeza dos diferenciais, assim como a falta de café no principal produtor, e o mercado futuro que estava negociando nas mínimas do ano, deixaram poucas alternativas para quem precisa comprar café, e com isso Londres subiu US$ 11.16 por saca na semana.
Em poucas palavras como comprar café físico está dificílimo (e caro), o jeito é comprar os cafés mais baratos do momento, que são os das bolsas. Inclusive os certificados da ICE e da LIFFE tem caído, e devem cair mais nos próximos três meses, quando então começa a colheita na Ásia, América Central e Colômbia.
Desta forma continuo achando que os atuais preços servem como uma grande oportunidade de compra, pois tão logo se dissipe esta nova onda negativa que ronda os investidores, o arábica em Nova Iorque deve subir para próximo de US$ 260.00 centavos sem grandes dificuldades.
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting