Ibovespa cai com cenário interno

Clarissa Mangueira

AE

A Bovespa terminou em baixa à medida que as dificuldades enfrentadas pelo setor energético devido à estiagem intensificaram os temores com a situação da economia brasileira. O vencimento de opções sobre índice e de contrato de índice futuro no fim da tarde de ontem e a falta de fôlego das bolsas de Nova Iorque também contribuíram para o declínio do mercado acionário brasileiro. No fim do dia, o Ibovespa fechou em queda de 0,51%, aos 48.216,89 pontos. Na máxima do dia, o índice atingiu 48.669 pontos (+0,43%) e na mínima, somou 48.044 pontos (-0,86%). No ano, a Bolsa acumula queda de 6,39% e, no mês, alta de 1,22%. O volume de negócios totalizou R$ 8,890 bilhões.

Os dados da balança comercial da China, anunciado durante a madrugada de ontem, não foram suficientes para impulsionar os ganhos da Bovespa. O superávit comercial da China subiu para US$ 31,86 bilhões em janeiro, de US$ 25,6 bilhões em dezembro. O resultado ficou acima da mediana das projeções. As exportações aumentaram 10,6% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2013, e as importações subiram 10% em relação a janeiro de 2013.

Segundo analistas, o relatório do Federal Reserve (Fed) citando o Brasil como o segundo país emergente mais vulnerável, na frente apenas da Turquia, pesou sobre a negociação. Além disso, as preocupações com as vulnerabilidades domésticas, entre elas uma eventual crise energética no País, reduziram o apetite por risco na Bolsa.

Segundo um analista do mercado, que prefere não ser identificado, o cenário externo vem melhorando aos poucos e a Bovespa não tem seguido o movimento em razão dos problemas internos do País. “Isso faz com que o investidor estrangeiro não tenha interesse em comprar ativos do Brasil”, destacou. Ele disse ainda que os problemas enfrentados pelo setor energético não são nenhuma surpresa. “O consumo vem batendo recorde atrás de recorde. A gente sabia que em algum momento isso iria acontecer”, afirmou.

Para o diretor técnico da Wagner Investimentos, José Farias Júnior, o cenário não é nada favorável para a Bolsa. “O mercado não está gostando do nível das taxas de juros. Os juros de curto prazo estão subindo devido ao temor com a inflação. A questão da estiagem no Brasil está provocando alta dos preços de alguns alimentos, como soja, café e açúcar. Isso pode provocar um choque dos preços”, explicou.