São Paulo, 5 – Pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, avaliam como prematura a constatação de que “o café vai sumir do cenário agrícola paulista nos próximos 30 a 40 anos, quando a temperatura deverá estar 3 graus centígrados mais alta”, presente em estudo divulgado pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp em conjunto com a Embrapa-Informática a partir dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
A análise realizada por pesquisadores do Centro de Café e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica da Secretaria mostra que para tal conclusão seria necessária uma avaliação dos possíveis cenários e da situação da capacidade técnico-científica da cafeicultura atual. As informações são da assessoria de imprensa da secretaria.
Conclusões
Considerando as faixas de temperatura média anual, definidas pelo zoneamento agroclimático do café arábica para o Brasil, como aptas ou preferenciais aquelas que ficam entre 18 a 23 graus, marginais a inaptas aquelas abaixo de 18 graus e acima de 23 graus, os pesquisadores do IAC construíram a seguinte leitura das regiões produtoras no Estado de São Paulo:
Na região da Média e Alta Mogiana, maior produtora do Estado, a altitude está na faixa de 800 a 1.200 metros, com temperaturas médias entre 18 a 20 graus. Um aumento de 3 graus elevaria essas temperaturas para 21 a 23 graus, continuando a região a ser considerada ainda apta para a cultura comercial do café arábica.
Na região sul do Estado embora a altitude esteja na faixa de 700 a 800 m, em virtude da latitude, as temperaturas médias são de 19 a 20 graus e, portanto 3 graus a mais também não tornaria inviável a cafeicultura comercial na região.
“O problema poderia se tornar mais grave e preocupante no centro-oeste do Estado, no qual a principal região produtora fica entre os municípios de Garça e Marília, onde a altitude média está em torno de 600 m, que condiciona temperaturas médias na faixa entre 21 a 22 graus, que com a projeção de aumento de 3 graus, inviabilizaria o cultivo comercial do café arábica”, informam os pesquisadores.
Na avaliação dos especialistas, alguns aspectos primordiais foram totalmente ignorados por aqueles que consideram apenas o aspecto temperatura média. “Ao longo de dezenas de anos de pesquisa, o IAC e outras instituições de pesquisa desenvolveram tecnologias que permitem atenuar o efeito de temperaturas adversas, tornando viável o cultivo comercial em regiões consideradas pelo zoneamento agroclimático como marginais e até mesmo inaptas para a cultura do café arábica.”
Portanto, sob o aspecto da cafeicultura atual, a tendência de aumento de temperatura não deverá, segundo a análise, ser catastrófica e nem também para o futuro, pois as pesquisas até o presente fornecem evidências e subsídios para que a nossa cafeicultura de arábica e robusta continue sendo pujante, sustentável e sólida. Mais dados da análise “Aquecimento Global, Mudanças Climáticas e a Cafeicultura Paulista” estão no site www.iac.sp.gov.br.