“Horizonte é de fato sombrio”, afirma ministro Stephanes

24 de novembro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: FOLHA DE S. PAULO

Para ele, o momento é mesmo difícil no campo e todos vão pagar pela crise, ainda que o governo amenize seus efeitos


O ministro lembra que há “limites” para as ações do governo e que não é possível a prorrogação generalizada das dívidas


DA AGÊNCIA FOLHA, EM RONDONÓPOLIS


O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) diz que o governo federal já vem adotando políticas diferenciadas para amenizar os efeitos da crise no campo. Mas lembra que “há limites” para as ações do governo e que “todos terão de pagar o preço da crise”.


“O que os produtores de Mato Grosso querem é uma prorrogação generalizada das dívidas, o que não é possível fazer. O horizonte é de fato sombrio e o que o governo faz, neste momento, é administrar a crise e amenizar seus efeitos.”


Segundo o ministro, o governo vai adotar uma política de preços mínimos para proteger o setor, mas afirma que isso tampouco resolverá o “problema da renda”.


“A renda do produtor é uma questão que se estende há décadas e não vai ser resolvida agora. Isso não é novidade alguma. Agora, o preço mínimo vai vigorar e estaremos ao lado dos produtores para sustentar eventuais diferenças.”


O mesmo cenário não vale para o caso do algodão. De acordo com o ministro, a demanda pela pluma deverá cair de forma acentuada. “Algodão é diferente de comida. É até desejável que haja redução no plantio, pois, do contrário, não haverá preço mínimo que resolva.”


Stephanes avalia que a crise é mais aguda em Mato Grosso devido ao modelo de desenvolvimento adotado: médias e grandes propriedades, financiadas por tradings e comercializando safras por antecipação. “Com o crédito mais difícil, o sistema parou de funcionar.” Se de fato o refinanciamento não funcionar, diz o ministro, e os produtores se virem novamente incapacitados de honrar os compromissos, será o momento de “sentar e rediscutir uma nova redistribuição da dívida. Por ora, o fato é que, tirando Mato Grosso, 90% do Brasil pagou o que devia”. (RV)


 

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