23/03/2009 – Honduras, segundo maior produtor de café da América Central, nunca foi reconhecida pelo cultivo de cafés gourmets como seus vizinhos Guatemala e Costa Rica; entretanto, isso pode mudar.
O país, que estima exportações na ordem de 3,6 milhões de sacas de 60 kg na temporada 2008/09, aumentou consideravelmente a produção de café orgânico e certificado, em uma tentativa de impulsionar a receita com as exportações do produto.
Apesar de ainda ser uma pequena fração das exportações do país, serão comercializadas 345.000 sacas de 60 kg na safra 2008/09. Isso representaria alta de 72% no volume de cafés diferenciados comercializados em relação a dois anos atrás.
“Estamos realizando um processo gradual para melhorar a qualidade de nosso café. Isso permitiria que o produto fosse menos afetado pelas eventuais desvalorizações do mercado”, disse Mario Ordenez, gerente técnico do instituto.
O café hondurenho é, normalmente, usado em blends e desvalorizado pelos traders devido a sua baixa qualidade, sendo, por isso, comercializado abaixo do preço do mercado, informou o instituto.
Os produtores serão avaliados por inspetores e, aqueles que estiverem em consonância com as leis trabalhistas e ambientais, serão certificados com o selo da Rainforest Alliance e Utz Kapeh, o que garantiria maiores preços para o produto.
“O objetivo é ter 20% da produção vendidos com selo de certificação até a safra 2009/10, disse Dagoberto Suazo, chefe de um grupo de cooperativas de afé.
Preocupações com a queda de consumo de café gourmet, devido à diminuição da renda dos consumidores com a crise financeira, não preocupam os cafeicultores de Honduras que dizem que mesmo um pequeno aumento do preço do produto é um fator positivo.
“Nossos compradores disseram que as vendas de café orgânico poderiam diminuir devido à crise econômica”, disse Nelson Paz, que comanda uma cooperativa de pequenos produtores de orgânicos.
Apesar disso, as vendas de produtos consumidos em casa podem se manter em bons níveis e até se aproveitar do nicho de mercado deixado por grandes cafeterias na crise, visto que os produtos socialmente responsáveis ainda tem grande apelo com o público.
“Nós manteremos a produção de café orgânico e expandiremos a de café certificado, pois no longo prazo esses produtos sempre terão maiores preços em relação ao café comum”, disse Paz.
As informações partem do Centro de Inteligência do Café.