A cultura paranaense é rica e diversificada, pois o Estado passou por inúmeras fases de ocupação e colonização, desde a sua emancipação como província em 1853. Até então, predominavam na província as culturas litorânea e do planalto, ambas sucedâneas da formação dos primeiros tempos do Brasil colonial. Aí se miscigenaram a cultura indígena e a européia. O uso do peixe com a farinha e a maneira de pescar, de paliçadas, aprendida dos Tupis e muito bem relatada por Hans Staden no seu livro Meu Cativeiro Entre os Selvagens do Brasil, ainda hoje existem nas ilhas do Paraná e junto com a carne cozida e salgada, introduzida pelos colonizadores, permeia a alimentação dos “caiçaras”.
No planalto, já como capital Curitiba, a cultura portuguesa colonial se estendia para o interior, com os barões do mate expandindo seus domínios. A erva-mate, principal produto de exportação em finais do século XIX e início do XX, já se caracterizava como bebida típica das partes sulinas do Estado do Paraná e do Brasil.
A cultura da erva-mate nos é legada pelos índios, os Guaranis a utilizavam, assim como os Kaingangs e os Xetás. Nas missões espanholas, no século XVII, o mate era a bebida típica do índio, que a usava costumeiramente. Os jesuítas europeus acostumaram-se inclusive a consumi-la. Quando os Guaranis abandonam as missões através do rios Paranapanema e Paraná fugindo das invasões bandeirantes, levam consigo o mate, contribuindo para sua disseminação no sul brasileiro.
Os tropeiros, além de contribuírem para espalhar a cultura do chimarrão, também disseminaram o costume de uma alimentação própria, rústica e adaptada às lidas campeiras (o café, o arroz e o feijão tropeiros, por exemplo), por eles utilizada durante a transposição do caminho das tropas, ou Viamão. Muitos dos hábitos encontrados na região dos campos gerais paranaense são heranças do tropeirismo.
O mate é nossa bebida não-alcóolica arcaica. Assim como o café tornou-se nossa bebida moderna. Com o mate e o café o habitante da terra fazia, e faz, a cortesia da casa. O uso do milho, da mandioca e outros tubérculos, além do mel e do tabaco, são costumes que aprendemos com os indígenas. Da mesma forma que a utilização de algumas ervas para chás caseiros.
Os alambiques de cachaça estabelecidos principalmente no litoral, herança da cultura portuguesa dos engenhos e do açúcar, produziam largamente já no início do século XX. A cachaça surgida através dos negros escravos aos poucos se torna a bebida tipicamente brasileira. Talvez a cachaça e a feijoada sejam os alimentos que mais lembram o Brasil colonial (que se construiu às custas da escravidão negra) e nossa identidade mestiça.
Com os imigrantes e as colônias, processo que se inicia em finais do XIX e meados do XX, a cultura paranaense se enriquece e se diversifica. Os imigrantes europeus e asiáticos nos trazem diferentes manifestações culturais. Diversificam o cultivo da terra, introduzem novas técnicas de produção. Bebidas como o vinho e a cerveja começam a ser produzidas; inúmeros pratos europeus e asiáticos se incorporam à culinária local. Os poloneses nos trazem o pierogi, os alemães a diversificação dos pães, os italianos o uso das massas caseiras e do vinho de colônia. Os europeus acrescentam com predominância o uso dos vegetais e dos derivados do leite na alimentação.
Com a vinda dos migrantes, sobretudo nordestinos, paulistas e mineiros, para o norte e noroeste, a roça, ou safra, do colono introduz novos modos de produção e alimentação. O safrista derrubava a mata, depois plantava a roça de milho, muitas vezes junto com abóbora e a melancia, depois soltava o porco para engorda; com isso a disseminação do consumo da carne de porco nestas regiões. Com a cultura do café, após a derrubada das matas pluviais, o Paraná ganha uma nova face. O nortista, o do norte, o pé-vermelho, introduz o cafezinho da roça como item indispensável na alimentação dos paranaenses.
Dessa incorporação de elementos, a cultura do Paraná se tornou mais complexa e mais rica.
(Fonte: Paraná da Gente)