História do Café: Tudo começou graças à linha férrea

Por: Todo Dia

Cada vez mais Nova… Odessa





Nova Odessa completa hoje 101 anos buscando melhorar a já reconhecida qualidade de vida do seu povo. Voltada para o crescimento e desenvolvimento, a cidade caminha para o futuro sem descuidar do passado. Assim Nova Odessa se consolida como um dos principais pólos de desenvolvimento da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Com posição geográfica privilegiada, a cidade está circundada por importantes rodovias como Anhangüera, Bandeirantes e Luiz de Queiroz. Em sua trajetória econômica, Nova Odessa iniciou seu desenvolvimento na agricultura e hoje se destaca em atividades dos setores têxtil, metalúrgico (fundição), plástico e químico.

Com uma população estimada em 50 mil habitantes e orçamento municipal de R$ 57,9 milhões, Nova Odessa mostra sua visão de futuro e modernidade e é detentora de sete distritos industriais, distribuídos em áreas bem localizadas e com capacidade de absorção de novos investimentos.

Nova Odessa também concentra um dos maiores produtores de tecnologia de agropecuária do Brasil, o IZ (Instituto de Zootecnia), do governo do Estado, com pesquisas reconhecidas mundialmente. O gás natural é outro componente que está presente em grande parte da área industrial da cidade. Dados da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas) revelam que o desemprego caiu em Nova Odessa. Em 2004, o desemprego atingia 10,9% da população economicamente ativa, já em 2005 esse percentual foi de 5,4%.

A qualidade de vida é prioridade para população novaodessense, que se orgulha de ser conhecida como o “Paraíso do Verde”, carinhoso apelido resultante da concentração de grande cinturão de natureza em suas extensões rurais. Na área urbana, a cidade já conta com 18 mil prédios cadastrados, entre residenciais, comerciais e industriais.

Os letos, que deixaram seu país de origem no final do século XIX para constituírem comunidade em Nova Odessa, ainda possuem forte influência cultural no município. A comunidade, que ainda guarda seus segredos, faz de Nova Odessa uma cidade rica em cultura.

Na área de saneamento básico, 98% da população é atendida por água tratada, através de uma rede de 161 quilômetros. Quanto à rede de esgoto, a extensão total é de 121 km com atendimento de 96% da comunidade. O grande desafio para Nova Odessa é construir até 2008 a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) do Ribeirão Quilombo. A obra, estimada em R$ 8 milhões é um compromisso assumido entre prefeitura, Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e Ministério Público, que firmaram em 1997 o TCAC (Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta), pelo qual o município se comprometeu a tratar 85% de seu esgoto doméstico até junho de 2005 ou atingir 100% até 2008.

Atualmente, Nova Odessa trata apenas 7% de seus dejetos na ETE Palmital. Caso a Estação de Tratamento de Esgoto do Ribeirão Quilombo não esteja pronta até 2008, a cidade estará sujeita a pagar multas altas pelo não cumprimento do TCAC.























































HISTÓRIA


Tudo começou graças à linha férrea


Núcleo colonial instalado na então Fazenda Pombal deu início à cidade que hoje é Nova Odessa







TRILHOS DO PROGESSO: história de Nova Odessa tem seu início às margens da linha férrea, que ligava Campinas a Rio Claro
Embora o aniversário de Nova Odessa seja comemorado dia 24 de maio, em virtude de ser nesta data, em 1905, que foi criado oficialmente o Núcleo Colonial de Nova Odessa, as origens do município remontam a anos anteriores. Como aconteceu com outras povoações, surgidas ao longo da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, a ferrovia foi responsável pelo surgimento e desenvolvimento de comunidades na Região.

Conforme aponta o historiador José Moraes dos Santos Neto, em seu livro “Nova Odessa – 100 anos – da terra fértil, os frutos do progresso”, em 1873 os trilhos da ferrovia já ligavam Campinas a Rio Claro, cruzando trechos da Vila de Americana, atualmente Nova Odessa. Com o decorrer do tempo, no início do século XX, passaram a ser freqüentes as paradas de trem na Fazenda Pombal e foi instalada uma estação no local.

De 1904 a 1908, Jorge Tibiriçá presidiu o Estado de São Paulo e Carlos de Arruda Botelho assumiu a Secretaria de Agricultura. Foi ele que criou quatro núcleos coloniais com o objetivo de desenvolver a economia rural no Estado. Um destes núcleos foi Nova Odessa.

Os primeiros imigrantes a chegarem em Nova Odessa foram os russos. De comunidades judaica, eles eram perseguidos pelo governo imperial russo num período de grande tensão social e decidiram formar novas comunidades na América. Baseado em suas pesquisas, Santos Neto comenta que “o governo paulista, por meio de seus agentes, tinha plena consciência da calamidade que assolava a comunidade judaica na Rússia, situação que os obrigava a emigrar em massa para o ocidente”. Assim, 82 colonos foram transportados para o núcleo de Nova Odessa.

Mas foi com a chegada dos letos, que primeiro estiveram em Santa Catarina, que o núcleo conseguiu se firmar, já que eles provinham de áreas rurais e mantinham a vontade de cultivar a terra. Documentos da época mostram que houve desistência de alguns lotes por russos e que eles foram então solicitados pelos letos. Além dos letos, Nova Odessa recebeu ainda poloneses e austríacos.

A Fazenda Velha, a cerca de sete quilômetros da Estação Ferroviária, é um ponto de referência da comunidade batista leta. Ali foram construídas moradias, capela religiosa, escola e centro de recreação.

Da estação escoava a produção agrícola como arroz, feijão, milho e frutas. A religião era a força dos letos, que em Nova Odessa encontraram liberdade para professar a sua fé. “Os letos batistas acreditavam que a vinda para Nova Odessa fosse um chamado messiânico de Deus, e o caráter messiânico da comunidade era o fundamento da sua concepção de mundo”, afirma Santos Neto.

Os italianos, portugueses e espanhóis começaram a chegar em Nova Odessa a partir de 1909. Como trabalhadores assalariados, eram empregados nas grandes fazendas de café e também contribuíram com a sua cultura e religião para a formação da comunidade de Nova Odessa.








Letos dominaram setor agrícola






ÁLBUM: comunidade leta instalada na cidade na década de 30
Enquanto letos dominavam o setor agrícola, colonos italianos se fixaram no perímetro urbano, em áreas mais próximas da estação de trem, que começou a se desenvolver. Em 1920, Nova Odessa conseguiu se emancipar da tutela do Estado, tornando-se um distrito de Americana.

A partir daí há uma nova onda de desenvolvimento com Nova Odessa acompanhando o progresso têxtil de Americana, tanto na confecção do tecido, como na produção da matéria prima, o que privilegiou a cultura do algodão. Um dos marcos deste período, como lembram os historiadores, foi a fundação da primeira indústria de fitas de seda de Nova Odessa, por Janis Talbeg e Hans Schweizer.

Em 1939, é criado o Distrito de Paz, e Nova Odessa passa a ter um sub-prefeito (Azil Martins) e juiz de paz (Wady Bufarah Brasil), além de suplente, escrivão e um sub-delegado.

Economicamente, o distrito ainda depende muito da produção rural. Mas com o passar dos anos, vêm o êxodo rural, com os jovens passando a residir no centro urbano, ou partindo para outras grandes cidades. É introduzida então a avicultura que, paralelamente à indústria têxtil, com os fios artificiais faz a comunidade crescer e se desenvolver, o que acabou estimulando os moradores a buscar a emancipação política.

É criada então, na década de 50, uma comissão presidida pelo pároco Aurélio e que tinha como membros Antônio Delegá, Pedro Abel Jankovitz, Anibal Francklin de Azevedo, Joaquim Rodrigues Azenha, Atayde Gomes, José Rodrigues Azenha Sobrinho, Sidney de Souza Almeida, Antônio Fernandes Gonçalves e James Leroy Vaughhn, que em 31 de dezembro de 1959, conseguiria a emancipação.











COMEMORAÇÃO: comunidade leta desfila na década de 50









Emancipação e desenvolvimento






KS PISTÕES: empresa sólida e tradicional instalada em N. Odessa
Emancipada, Nova Odessa entra em nova fase de desenvolvimento, acompanhando o processo político do País na década de 60, que acabou resultando da ditadura militar, e do chamado “milagre econômico”. O município se beneficia com a instalação da Usina Cillos na vizinha Santa Bárbara d’Oeste e colhe frutos na produção agrícola, enquanto a cidade se moderniza, com pavimentação das ruas.

“A região de Campinas, na passagem da década de 60 para os anos 70, transforma-se numa das regiões mais atrativas do País”, comenta o historiador José Moraes dos Santos Neto, que acrescenta que Nova Odessa acompanha esta mudança, atraindo um grande contingente populacional.

Com a redemocratização da País, a região continua a se desenvolver e Nova Odessa atrai novas indústrias, como a KS Pistões, empresa sólida e tradicional do setor de auto-peças, que adquiriu 400 mil metros quadrados para implantar a sua indústria.

livro

Em seu livro, Santos Neto relaciona todas as empresas que surgiram nesta época e outras que, desde o princípio, se estabeleceram no município. “Desde a fundação do núcleo agrícola no início do século XX, tem havido uma profunda transformação econômica, cuja base não é mais a produção agrícola. Com a entrada de Nova Odessa no século XXI como região industrial, podemos afirmar que temos uma nova vocação econômica na cidade”, comenta o historiador. Atualmente, os setores têxtil, metalúrgico e químico crescem em ritmo acelerado. Já a agricultura, que passou da produção de cereais, para algodão, hoje está concentrada na cana de açúcar.







ORGULHO DO POVO


População ressalta qualidade de vida


Moradores falam com orgulho de Nova Odessa, mas observam que cidade carece de comércio e lazer


 No começo de um novo centenário, Nova Odessa é conhecida na Região pela qualidade de vida, virtude que a população reconhece com orgulho. Moradores ouvidos pelo TodoDia dizem que Nova Odessa é uma cidade especial e apresenta mais qualidades do que defeitos se comparada à outros municípios da Região. Apesar disso, há reclamações relacionadas à falta de opção de lazer e críticas ao comércio, que é considerado “fraco” pelos moradores.

O aposentado Quirino Perissinotto, 70, disse que a cidade é tão boa que quando ocorrem ocorrências policiais graves, “certamente foram praticadas por pessoas de outras cidades”. O pedreiro Antônio Feliciano Policarpo, 40, compartilha a mesma linha de pensamento. Ele diz que gosta da cidade, apesar de falhas, como a falta de lojas. “Estou procurando uma bolsa e terei que ir até Sumaré ou Americana para ver se encontro”, comentou o pedreiro.

O aposentado José Antonio Dias, 55, lembra quando todos se conheciam. Segundo ele, apesar de existirem problemas, Nova Odessa ainda é um ótimo lugar. A dona de casa Patrícia de Paula, 20, observou que faltam opções de lazer e cultura, mas ainda assim, disse gostar da cidade.























Quirino Perissinotto, 70, aposentado
“Aqui é tudo

muito bom.

Seja o hospital, seja a administração pública.

O povo é maravilhoso

e sou feliz em

poder morar

aqui. Quando acontece algum crime por aqui, é sempre gente de fora”











José Antônio Dias, 55, aposentado
“Gosto muito de Nova Odessa. Moro nessa cidade desde 1958. Quando cheguei só

existia o Centro do município e todos os moradores se conheciam. Acho que é uma boa cidade, lógico que, como qualquer cidade, tem os seus

problemas”











Antônio Feliciano Policarpo, 40, pedreiro
“Escolhi a cidade, na época que cheguei por causa dos empregos. A cidade melhorou muito nos últimos três anos. A única coisa que falta são mais lojas. Às vezes temos que ir para Sumaré ou Hortolândia para encontrar alguns produtos”











Paulo Francisco, 18, estudante
“Aqui em

Nova Odessa

tudo é muito

calmo.

Tenho 18

anos e moro aqui há 15 anos.

Talvez a única coisa que

falte na cidade é um cinema.

Adoro as

escolas,

são de ótima qualidade”











Patrícia de Paula, 20, dona de casa
“Nasci aqui e gosto da cidade porque é um

lugar

sossegado. Falta mais opções de cultura e lazer. A

maioria dos adolescentes

vai para

outras cidades

por falta de opção em Nova Odessa”











Laura Vergueiro de Oliveira, 59, aposentada
“Moro há 30 anos na cidade, lugar onde criei meus oito filhos. Fui uma das primeiras moradoras e admito que o hospital e os postos de saúde são muito bons. Não tenho reclamação nenhuma e não troco Nova Odessa por nenhuma outra cidade”







PREFEITO


Manoel Samartin defende concentração de poder






MANOEL SAMARTIN: está em seu 3º mandado como prefeito
O prefeito de Nova Odessa, Manoel Samartin (PDT), acredita que um dos fatores que levaram a cidade ao desenvolvimento foi o fato de, desde 1970, o mesmo grupo político administrar o município.

Samartin comentou que apesar de acreditar que cerca de 20% da população ainda não sabe distinguir as funções do Legislativo e Executivo, cada poder precisa ter sua independência com harmonia.

Para o chefe do Executivo, há planos de um novo viaduto na cidade. “Existe um estudo que estou fazendo juntamente com o prefeito de Americana, Erich Hetzl Júnior (PDT), de viabilizar a construção de um viaduto ligando Nova Odessa à Americana, por meio da Avenida Ampélio Gazzetta”, explicou Samartin.

O prefeito de Nova Odessa justificou a necessidade de tratar o esgoto do município. “Hoje a população está mais conscientizada e sabe que é necessário o tratamento do esgoto. Ninguém se sente bem sabendo que o esgoto segue para o rio. É uma questão ambiental que vai ser resolvida”, disse.

Samartin comentou o último projeto de lei aprovado pela Câmara que alterou o zoneamento da cidade, aumentando a área industrial e as possibilidade de o município receber novas empresas e gerar emprego.







RÉSTIO


Presidente da Câmara fala em maturidade política






RÉSTIO: a frente da Câmara desde 2005, acha cedo para análise
 O presidente da Câmara de Nova Odessa, Ângelo Roberto Réstio (sem partido), comemora os 101 anos de fundação do município com um projeto prevendo o fim do nepotismo no Legislativo. Para Réstio, a proposta reflete maturidade da política no caminho da construção de um Poder Legislativo mais transparente e em sintonia com os anseios da população.

Réstio se diz empenhado em exigir dos parlamentares novaodessenses o cumprimento do Regimento Interno da Câmara e considera que o Legislativo se encontra em uma boa fase, com mais estrutura e acessibilidade à população. Ele ainda defendeu a independência do Legislativo diante do Executivo.

O presidente da Câmara lembrou que a família Réstio chegou em Nova Odessa na década de 30. “Nasci em 1961 e acompanhei as transformações e evolução da cidade. Quando penso em Nova Odessa vem em minha mente a imagem de uma cidade pacata, ordeira e progressista”, disse ele.

Réstio considera que a população está mais politizada, o que obriga os políticos do município a serem mais atentos com relação aos problemas da cidade. Ele não quis comentar a atuação do governo Samartin alegando apenas que é “cedo para qualquer análise”.







CULTURA


Imigração leta marca formação de Nova Odessa

A imigração leta marcou culturalmente a formação de Nova Odessa e muitas influências, principalmente na área cultural e social, podem ser reconhecidas na cidade. Uma das descendentes dos primeiros letos que chegaram ao Brasil é Vanilda Muzeneck Stepanovw, 72, aposentada, viúva do leto Alberto Stepanovw.

Ela conta que existem grandes dificuldades em manter o idioma leto vivo entre a comunidade. “A cada dia fica mais complicado. Tínhamos cultos na língua leta antigamente. Às vezes se troca alguma palavra no idioma, até veio uma mulher da Letônia que deu aulas para uma nova geração, mas ainda falamos português quando encontramos com outra pessoa”, disse Vanilda.

Na comunidade leta, de acordo com a aposentada, ainda há famílias que tentam preservar a cultura e a língua. “Quando me casei só falávamos leto em casa. Hoje conheço uma família que recentemente teve uma filha e ela crescerá falando leto na casa”, completou Vanilda.

A família de Vanilda chegou em Nova Odessa em 1922 após o final da Primeira Guerra Mundial. “Os letos, pelo menos a maioria deles, estranharam o clima da região”, lembrou Vanilda.







ECONOMIA


Presidente da ACE destaca potencial






ARAIUM: aquecimento da economia depende de outros setores
O presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial de Nova Odessa), Oscar Araium Júnior, é otimista com relação ao futuro econômico da cidade e destaca que o município tem um grande potencial comercial. Ele aponta que empresas e grandes redes tem direcionado investimentos no município, o que, além de gerar riquezas, tende a estimular a geração de empregos para os moradores da cidade.

Araium diz que a economia está diretamente ligada a demais setores e depende destes outros para se aquecer. Um exemplo é a questão cultural. “Hoje precisamos de um teatro para desenvolver e divulgar a nossa cultura. A cidade possui artistas gabaritados. Quando a prefeitura promove um evento musical de qualidade, a casa está sempre cheia”, disse.

Um dos problemas apontados por Araium é a preservação cultural da cidade. Ele cita a cidade de Holambra, que aliou preservação cultural com atividade econômica. Para ele, integrar o comércio com a cultura leta seria uma excelente forma de aquecer a economia e gerar emprego.

exemplo

“Vi o modelo de Holambra. Lá existe uma motivação para o comércio através de incentivos fiscais para todos aqueles que reformam suas fachadas no estilo holandês. Quando mais cedo começarmos, melhor a chance de sucesso, mas isso depende muito da vontade política da cidade”, completou.

Fonte: http://www2.uol.com.br/tododia/especiais.htm

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.