Política cafeeira completa 100 anos A busca cada vez maior por qualidade, produtividade e a organização dos produtores podem apontar novos tempos para o café | |
Uma trajetória que o jornalista e escritor maranhense Coelho Neto (1864-1934), que estreou a segunda cadeira da Academia Brasileira de Letras, autor da comparação de que a história brasileira foi escrita com café, não conseguiu imaginar, sendo que as tintas do fruto cor de cereja se misturariam tão bem à terra roxa do norte do Paraná, principalmente em Londrina, que chegou a ser considerada ”Capital Mundial do Café”. Atualmente, o Paraná persegue a qualidade, que mantém o produto na quinta colocação entre os 10 melhores cafés do país, como classificou o concurso promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Em um século de política cafeeira, Minas Gerais e Espirito Santo se tornaram os maiores produtores brasileiros. Um período em que a cafeeicultura atravessou por intervenções estatais e liberação de mercado – medidas que ainda dividem opiniões na cadeia produtiva. Viajando até 1906 para compreendermos o que significa o centenário da política cafeeira, encontramos espalhadas pela história econômica da época, uma produção brasileira de 22 milhões de sacas para um consumo mundial de apenas 16 milhões. Inversamente proporcional à produção, os preços em queda empurraram os cafeicultures para a busca de uma saída, através do acordo de Taubaté, que levantou a bandeira do preço mínimo para a saca; negociação de empréstimo externo no valor de 15 milhões de libras esterlinas para a compra de café pelos governos estaduais; criação da caixa de conversão, fundo de estabilização do câmbio, e imposição de taxa proibitiva para impedir o surgimento de novas plantações. Os primeiros efeitos da política cafeeira apareceram três anos depois, com os preços internacionais subindo, enquanto a caixa de conversão mantinha o câmbio baixo. No desenrolar da história, a cultura cafeeira sobreviveu às duas guerras mundiais, inclusive com subsídios do governo ao produto, um intervalo abalado pela repercussão da quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que levou à derrocada a lavoura e à queima de 80 milhões de sacas. Entre as duas guerras mundiais, no Brasil foi criado o Conselho Nacional do Café (CNC), período político anterior à arrancada da cafeicultura brasileira que de 1941 a 1950, respondia por 63,9% das exportações brasileiras. O CNC foi substituído pelo Departamento Nacional do Café (DNC), que ao ser extinto pelo governo federal, abriu espaço para a cobrança de uma política cafeeira de longo prazo. Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=22067&dt=20060527 |