Um prognóstico sobre novos tempos para a cafeicultura feito pelo presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC), Leonidas Lopes Borio, em 1966, ao afirmar que o café não precisava de uma revolução, mas de evolução, se confirmou na última metade de um século de política cafeeira. ‘‘Na época do IBC tinha uma política de preço grantida, paralela ao acordo internacional de preço, o que dava um piso para o produtor. Isso ajudava a dar estabilidade para o setor. Quase que simultaneamente, com a extinção do IBC, em 1990, houve um rompimento das cláusulas do acordo, em julho de 1989. Internacionalmente, os produtores perderam essa estabilidade e, internamente, perderam preço de garantia’’, avalia o agrônomo Francisco Barbosa Lima, que trabalhou 17 no IBC, além de ser produtor de café na região de Ibaiti (94 quilômetros ao sul de Jacarezinho). O IBC foi criado em 1952. Na avaliação de Lima, o rompimento do acordo passou como um vento de insegurança sobre os produtores. ‘‘Quem advogava pelo rompimento do acordo achava que era interessante e que o produtor se apropriaria do preço. Em trinta e três anos que trabalho com café vejo que houve ganho de produtividade nesse período, mas para o produtor, ele não se apropriou desses ganhos e ficou mais vulnerável. Hoje, a cafeeicultura brasileira ficou nas mãos dos pequenos e médios produtores, principalmente, os que diversificam a produção, e que se adaptam melhor às variações de ciclos de preços baixos e altos. A globalização não permite mais esses tipos de acordos’’, afirma Lima. Para o agrônomo, que cultiva 80 mil pés de café, os ganhos dos agricultores foram reduzidos e as fatias maiores passaram a ser disputadas por outros elos da produção. ’’Quem está ganhando são cinco ou seis empresas que dominam 60% da indústria no mundo e o consumidor final, que tem a oportunidade de pagar menos pelo produto’’, ressalta Lima, derriçando sobre esse panorama, os frutos da produtividade. |