O centro-sul do Brasil ainda é a principal região cafeeira do País. Os
Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Espírito Santo somam mais de 90% da
produção nacional de café. Após o início da década de 1970 tem-se observado uma
tendência da cafeicultura rumar em direção da região mais central e mesmo do
norte e nordeste. A principal causa é a geada, de ocorrência relativamente
freqüente no sul do País, além da elevação dos custos com a mão-de-obra, que
motivaram os cafeicultores situados mais ao sul a substituírem suas lavouras por
outras opções agrícolas; em São Paulo, por exemplo, o café cedeu espaço à
cana-de-açúcar e à produção de citros.
Regiões como o cerrado de Minas Gerais (Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro),
o sul da Bahia e até pequenas faixas dos Estados de Rondônia e do Acre tem hoje
sua economia assentada na cafeicultura. A seguir, serão feitas algumas
considerações sobre as características da cafeicultura nos principais Estados
produtores.
Regiões Cafeeiras de Minas Gerais
O Estado de Minas Gerais é hoje o maior produtor de café do Brasil. Cerca de
45 a 50% do café brasileiro é colhido nas regiões produtoras de Minas Gerais.
A principal e mais tradicional região cafeeira do Estado é o Sul de Minas,
com aproximadamente 50% da pro-dução do Estado. Caracteriza-se pela produção de
cafés de excelente qualidade, devido suas condições de clima e solo favoráveis
ao desenvol-vimento da cultura; o café é produzido em solos sob vegetação de
cerrado e em solos mais férteis, nas regiões montanhosas. São mais de 28 mil
propriedades que cultivam cerca de 630 milhões de covas de café, numa área de
aproximadamente 370 mil ha. Predominam as pequenas e médias propriedades
cafeeiras, com poucas Agroindústrias envolvidas na produção; cerca de 95% das
propriedades cafeeiras do Sul de Minas possuem menos de 50 ha. O café responde
por aproximadamente 71% da receita bruta e ocupa apenas 17,5% da área das
propriedades cafeeiras do Sul de Minas. A região está estrategicamente
loca-lizada, equidistante de três grandes capitais (São Paulo-SP, Rio de
Janeiro-RJ e Belo Horizonte-MG) e dos portos de Santos-SP e do Rio de
Janeiro-RJ. Os cafeicultores são organizados em Cooperativas, distribuídas nas
várias microrregiões produtoras; no Sul de Minas tem-se a maior concentração de
Cooperativas de Cafeicultores do Brasil, que prestam serviço de assistência
técnica, análises de solo e foliar, fomento, benefício e re-benefício,
armazenamento e comercialização de café.
As regiões do Alto Paranaíba e do Triângulo Mineiro (região do “café do
cerrado”) ocupam hoje o segundo lugar em produção no Estado. Com uma
cafeicultura altamente tecnificada, predominam as grandes propriedades e
Agroindústrias. Em razão de suas características próprias de clima e solo,
favoráveis ao desenvolvimento da cultura, em especial à realização da colheita
(em época coincidente com período de baixas precipitações pluviométricas, com
reduzida umidade relativa do ar), também produz cafés de excelente qualidade. A
topografia é muito plana, favorecendo a realização de várias operações com
máquinas, inclusive a colheita mecanizada, em expansão na região. A irrigação
das lavouras tem sido uma prática comum em algumas microrregiões, cujo déficit
hídrico chega a comprometer o desenvolvimento e a produção do cafeeiro; é uma
das regiões do País que mais emprega a irrigação na cafeicultura. Os
cafeicultores são organizados em Associações, por microrregião produtora,
reunidas em torno do Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado
(CACCER). Um agressivo e importante trabalho de ‘marketing’ é realizado pelo
CACCER, que criou a marca ‘Café do Cerrado’, hoje difundida e comercializada em
todo o mundo.
Outra região cafeeira de Minas Gerais é a Zona da Mata (leste do Estado,
divisa com Espírito Santo e Rio de Janeiro). É uma região montanhosa,
caracterizada por uma cafeicultura de pequena e média produção, em lavouras com
menor espaçamento, onde predominam os tratos manuais e a tração animal. Em razão
da maturação final dos frutos e o período de colheita coincidir com período de
elevada umidade relativa do ar, inclusive com freqüente ocorrência de chuvas, a
qualidade de bebida do café é comprometida, predominando os tipos de bebida rio
e riada; a qualidade física, relacionada aos defeitos dos grãos, não é alterada.
A Zona da Mata procura hoje comercializar seu café no mercado interno e em
países que preferem a qualidade de bebida ali obtida, como alguns mercados da
França e do Oriente. Além da Zona da Mata, outras regiões de Minas Gerais também
produzem café, embora em menor quantidade; as regiões do Rio Doce e do
Jequitinhonha, no nordeste de Minas e a região noroeste do Estado, são exemplos
de áreas em que a cafeicultura se encontra em franca expansão.
Recentemente, através do decreto nº 38.559, de 17 de dezembro de 1996, o
Governo do Estado de Minas Gerais instituiu o Programa Mineiro de Certificação
de Origem do Café – CERTICAFÉ, como forma de padronizar os critérios de
classificação qualitativa do produto e de valorizar a qualidade do café mineiro
nos mercados consumidores. São as seguintes as regiões produtoras consideradas
pelo CERTICAFÉ: Região do Sul de Minas, Região dos Cerrados de Minas, Região das
Montanhas de Minas e Região do Jequitinhonha de Minas.
Região Cafeeira de São Paulo
Estado de São Paulo foi por muitos anos o maior produtor de café do Brasil.
Atualmente é o segundo colo-cado, juntamente com o Estado do Espírito Santo
(ambos se revezam em segundo lugar, nos últimos anos). A redução da área
plantada e conseqüen-temente da produção de café em São Paulo se deu em função
da substituição do café por outras culturas, notada-mente a cana-de-açúcar, além
dos citros. Hoje a cafeicultura paulista se con-centra na região de Garça e na
Mogiana Paulista (Franca), com uma produção anual correspondente a pouco mais de
15 % da produção total brasileira.
Fonte: http://www.fazendaambiental.com.br/cafes/historia43.htm