ECONOMIA
24/01/2009
‘Heróis’ de Lula, usineiros demitiram 70 mil em 2008
Presidente ficou estarrecido
BRASÍLIA. Na noite da última quarta-feira, em reunião no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, números que o deixaram estarrecido. Em dezembro de 2008, o número de desempregados no campo foi de 134 mil pessoas, o dobro do registrado no mesmo mês de 2007. E mais: a perda de postos de trabalho no setor sucroalcooleiro contribuiu com nada menos que 70,1 mil demissões.
Ou seja, os que mais demitiram foram os usineiros — a quem Lula chamou de “heróis” em 2007 por terem uma “política séria” de investimentos.
Os desempregados nas lavouras de cana correspondem a 52% do total. Segundo o ministro, Lula determinou que sejam estudadas medidas para estimular os produtores.
Também revelou que outros produtos causam preocupação ao presidente.
São eles café, algodão e carne suína.
— O setor sucroalcooleiro passou por apertos muito grandes com a crise. Demitiu, não gerou empregos e congelou investimentos — afirmou Stephanes.
O economista da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Ricardo Severo, disse que o reflexo da crise financeira internacional é um fator importante no desemprego do setor. Ele lembrou, porém, que já havia demissões no campo, em decorrência do avanço da colheita mecanizada nas lavouras. Severo lembrou que 1% de mecanização em São Paulo, por exemplo, equivale a 2.700 trabalhadores demitidos.
O ministro da Agricultura disse que o setor sucroalcooleiro será tratado em separado de outras culturas.
Medidas para melhorar o cenário atual, incluindo formas de garantir oferta, exportação e preços, estão em discussão.
Para outras culturas, Stephanes destacou a seca no Sul, que fez com que o Paraná tivesse queda de 30% na produção.
Outro problema foi a necessidade de recursos para comercialização da safra, que começa a ser colhida no próximo mês. O governo já garantiu uma verba adicional de R$ 5 bilhões, mas o ministro pediu à Fazenda mais R$ 2 bilhões para as cooperativas.
(Eliane Oliveira)