O Indicador Cepea/ESALQ do café robusta se aproximou de R$ 1.490/saca nos últimos dias, enquanto o do arábica permaneceu nos patamares de R$ 1.440/saca,
Os preços internos brasileiros aumentaram entre agosto e o início de setembro. No entanto, a intensidade da alta foi diferente para cada variedade de café, com os preços do robusta mais valorizados. A Hedgepoint Global Markets analisa o cenário nas últimas semanas.
“Na quarta-feira (04), o Indicador Cepea/ESALQ do Robusta atingiu o maior nível da semana, a R$ 1.488,34/saca, enquanto o Indicador do Arábica fechou a R$ 1.443,45/saca, com um spread entre as variedades de R$ -44,89/ sc (os preços do arábica 3% inferiores aos do Robusta)”, afirma Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint Global Markets.
A analista acrescenta: “Vale notar que a última vez que o spread foi negativo (preços do robusta mais altos que os do arábica) foi em janeiro de 2017.
No Brasil, para além do aumento dos futuros em LN, muitos produtores estão segurando seus grãos, uma vez que o conilon brasileiro continua sendo bem demandado, dada a atual escassez de oferta a nível mundial, o que também dá apoio aos preços internos”.
“Os futuros do robusta também estão valorizando em um ritmo mais rápido do que os do arábica – apesar de alguma correção de preços na sexta-feira (06) – resultando em baixos níveis de arbitragem entre os dois, perto de 20 cents/lb”, observa.
Globalmente, o robusta tem tido suporte da menor safra 23/24 na Indonésia e no Vietnã e a consequente menor disponibilidade nos últimos meses.
Embora espere-se que safra 24/25 da Indonésia se recupere, os últimos dados de exportação ainda mostram embarques abaixo da média.
“Os dados de exportação dos três primeiros meses da safra 24/25 (abr-jun) mostram um volume acumulado de 786 mil sacas, 33,4% abaixo do acumulado da safra 23/24 e 44,7% abaixo da média histórica”, pontua.
No Vietnã, os dados de exportações também ressaltam os baixos estoques no país. Os embarques de agosto foram 13,8% menores que os de agosto/23 e 34,8% menores que a média do mês.
“Os dados acumulados de 23/24 mostram uma queda de 10,4% em relação a 22/23 e de 6% em relação à média de 10 anos, para 23,7 M scs.
No entanto, os baixos níveis de exportação podem ser repetidos na próxima temporada (24/25) uma vez que esperamos que condições meteorológicas adversas até meados de 2024 afetem a produção”, aponta.
“Diante do cenário atual, nossa expectativa é que a disponibilidade de robusta siga limitada em 24/25 e que a arbitragem entre essa variedade e o arábica possam continuar baixos nos próximos meses. No entanto, é bom notar que a atual arbitragem já está levando a uma mudança no consumo para o arábica em alguns países (como o Brasil) e poderá levar a uma inversão da tendência a longo prazo”, pondera.
“Outro ponto é que os riscos climáticos também estão aumentando no Brasil, como mencionamos em análise anterior.
As previsões para setembro apontam para temperaturas mais elevadas e para a continuação de um clima mais seco, especialmente nas regiões de café arábica”, diz.
Embora ainda em pequena escala, a florada da safra 25/26 foi relatada em parte do país, aumentando os riscos negativos para o desenvolvimento do café, uma vez que a precipitação acumulada atual e a umidade do solo estão abaixo dos níveis médios.
“Nesse sentido, se as chuvas não retornarem às regiões cafeeiras em maiores volumes na segunda metade do mês e as temperaturas continuarem elevadas, os preços poderão encontrar suporte nas próximas semanas”, acredita.
Em resumo, os preços brasileiros dos robustas subiram mais rápido do que os dos arábicas nas últimas semanas, com os primeiros superando os segundos nesta semana, levando a um spread negativo entre os dois.
Este cenário reflete tanto uma retração dos produtores brasileiros como a alta dos futuros do robusta nas últimas semanas.
Nesse sentido, a arbitragem entre LN e NY é positiva, mas atingiu níveis extremamente baixos nos últimos dias, diante da perspectiva de uma oferta restrita de robusta.
No Sudeste Asiático, as exportações dos dois principais produtores (Vietnã e Indonésia) continuam abaixo das médias históricas e as perspectivas para a safra 24/25 do Vietnã não são tão positivas, o que poderia manter a arbitragem em níveis mais baixos nos próximos meses.
No entanto, há alguns pontos que devemos levar em conta. Em primeiro lugar, a atual arbitragem poderá afetar a demanda de robusta a médio e longo prazo.
Além disso, os riscos climáticos estão a aumentar no Brasil, uma vez que o clima segue seco e quente.
A situação é particularmente preocupante para as zonas produtoras de arábica e, se um maior volume de precipitação não regressar às regiões produtoras até ao final de setembro, poderemos ter um certo suporte aos preços, especialmente do arábica.
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