Governo promete ampliação do crédito. Será que agora vai?

16 de março de 2006 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: Dinherio Rural








Pacote de bondades
Governo promete ampliação do crédito e mais verba para subvenção do seguro agrícola. Será que agora vai?
CARLA ARAÚJO
Boas notícias estão a caminho do campo. E elas vêm de Brasília. Depois de um 2005 muito difícil, o Ministério da Agricultura está empenhado em criar um verdadeiro pacote de bondades para os agricultores. Uma das medidas diz respeito ao aumento do orçamento interno do Ministério. Hoje, o valor reservado para a pasta da Agricultura é de R$ 650 milhões. A meta é obter um acréscimo de R$1 bilhão neste valor. “0 importante é que a liberação ocorra no período em que possamos ter mais capacidade de ação”, disse à DINHEIRO RURAL o secretário de política agrícola, Ivan Wedekin. No ano passado, o ministro Roberto Rodrigues quase pediu o boné em decorrência do atraso na liberação de verbas para o custeio agrícola. Quando Rodrigues convenceu o ministro Antônio Palocci, da Fazenda, a liberar o dinheiro, já era tarde-os produtores haviam colhido e vendido a produção a preços aviltados. “Desta vez será diferente”, garante Wedekin.

Uma das batalhas já foi vencida. No início de fevereiro, o Banco do Brasil anunciou intenção de liberar R$ 2,5 bilhões adicionais. Desta verba, R$ 1,1 bilhão será destinado às linhas de custeio agrícola. Só o café, por exemplo, vai ter disponível R$100 milhões, além dos R$ 400 milhões do Funcafé. A comercialização, no entanto, ganhou um destaque maior. No total, serão liberados R$1,1 bilhão. Desse total, os produtores de leite terão um crédito de R$ 160 milhões e os de arroz poderão receber- R$ 300 milhões para estocagem. “Estamos também negociando com os bancos a ampliação do crédito para apoiar a venda da safra”, diz Wedekin. No primeiro semestre de 2005, o volume para comercialização foi de R$ 3,5 bilhões. A meta agora é alcançar R$ 5 bilhões. “Vamos financiar a estocagem”, diz o secretário. Ao estocar, o produtor vende quando tiver o melhor preço.

Como o plano de safra termina no primeiro semestre de 2006, as culturas que estão passando pelo período da colheita, como uva, maçã e arroz, terão atenção especial nesse orçamento. 0 Ministério da Agricultura pretende também aplicar as sobras da chamada exigibilidade bancária. Como as instituições financeiras são obrigadas, por lei, a aplicar 25% desses recursos em crédito rural, eis mais uma janela no orçamento do agronegócio brasileiro. “Calculamos que haja R$ 1,7 bilhão a mais de recursos disponíveis nos bancos”, aposta Wedeldn.

Outro programa que deve ganhar fõlego em 2006 é a subvenção ao seguro rural. Apenas nos dois últimos meses do ano, foram realizadas 819 apólices com subvenção do governo. Ampliar esse número é fundamental para garantia a melhoria da renda do produtor. Em 2002, no auge, o seguro rural no Brasil movimentou R$ 48 milhões. De lá para cá, os valores foram caindo até atingir R$ 14 milhões no ano passado. “0 seguro agrícola ainda é considerado caro para o agricultor e ao mesmo tempo muito complexo para a seguradora”, diz Luiz Roberto Paes Foz, presidente da Seguradora Brasileira Rural. Agora, a meta é triplicar o mercado segurador nacional e para isso o Ministério vai injetar R$ ! 45 milhões no segmento. Por enquanto o piano de subvenção está limitado às culturas de feijão, algodão, milho, arroz, maçã e uva E o limite de crédito é de R$ 7 mil para as culturas de safra e R$ 12 mil para os cultivos perenes. “0 objetivo é ampliar o limite e estender o auxílio a outros produtos”, diz Wedekin.

Outro quesito que complementa o pacote é a confirmação do anúncio que o Conselho Monetário Nacional fez no início do ano. 0 órgão aprovou o pedido do Ministério da Agricultura e beneficiou produtores de café, uva, cacau e produtores do Estado do Acre que sofreram com a seca. No café, o limite das indústrias de beneficiamento subiu de R$ 3 milhões para R$10 milhões. “Isso colocou o café na mesma posição que os demais produtos”, diz V Vilmon-des Olegário da Silva, diretor do Departamento de Café do Ministério. Para a uva, o Conselho aprovou a manutenção de preços mínimos e, no cacau, foram prorrogadas as dívidas.

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