O governo federal deverá reservar cerca de R$ 1 bilhão para abastecer uma linha de crédito emergencial destinada aos produtores de café que tiveram perdas com as geadas em julho.
Os recursos sairão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), e a concessão ficará condicionada à contratação do seguro rural.
Os detalhes da medida, como os limites de financiamento por produtor, área, juros e prazos de carência, serão definidos até a semana que vem, afirmou ao Valor o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro. A proposta de criação da linha de crédito deverá ser encaminhada para aprovação na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 26.
Até lá, a Fundação de Apoio à Tecnologia Cafeeira (Fundação Procafé) vai realizar um levantamento oficial das perdas para embasar a liberação dos recursos. A entidade vai contratar uma startup para fornecer imagens aéreas e dados mais precisos. O mapeamento também servirá para fazer o zoneamento da cultura, já que algumas lavouras têm sido plantadas em áreas impróprias, contou Silas Brasileiro.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o CNC vão acompanhar o levantamento, que terá prazo de 30 dias para ser concluído. “Será importante para termos um dado consolidado e atestado pelo governo como oficial. Isso vai trazer credibilidade para o mercado”, disse o dirigente.
O tema foi discutido entre representantes do setor produtivo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a equipe técnica da Pasta e o Ministério da Economia na manhã desta terça-feira. “Algumas lavouras foram atingidas com mais ou menos gravidade. Para cada critério temos valores a serem ofertados aos produtores”, afirmou o dirigente.
Segundo o presidente do CNC, o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) vai aprovar em breve a retenção de até 20% do valor total aprovado para o Funcafé na safra 2021/22, de quase R$ 5 bilhões, para uso na linha emergencial. “Teremos cerca de R$ 1 bilhão para uso se for necessário”, avaliou. Além disso, está disponível uma linha de R$ 160 milhões, aprovada em novembro de 2020 pelo CMN, para recuperação de cafezais.
Silas Brasileiro disse também que há muita especulação sobre o alcance real dos prejuízos causados pela geada nos cafezais. Para ele, a situação é “grave”, mas sua dimensão não é tão grande quanto a que alguns órgãos e consultorias têm divulgado. Ainda nesta semana, a entidade vai firmar um convênio com a Conab para a realização conjunta do levantamento de safras de café. “Queremos transparência em tudo para que esses números, e não os especulativos, prevaleçam no mercado”, concluiu.
Fonte: Valor