Governo prevê endividamento menor do setor rural

Por: Valor








De Brasília
Preocupado com os efeitos negativos da taxa de câmbio e da média dos juros sobre o setor rural, o governo federal aposta em um cenário de estabilidade dos preços internacionais das commodities para minimizar a escassez de crédito e o endividamento da atividade agropecuária nesta safra.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, acredita que a queda no custo dos insumos por conta do dólar baixo e a brusca freada dos investimentos no campo também devem dar uma “folga” aos produtores de grãos. “As prorrogações das dívidas, o momento favorável para cana, café, laranja, aves e suínos, além da recuperação de alguns preços, como os do algodão, serão importantes neste semestre”, afirmou ao Valor. Amanhã, o ministério e o Banco do Brasil devem anunciar um pacote adicional de auxílio à comercialização da safra.

Alguns sinais do diagnóstico podem ser medidos por números recentes. O forte endividamento do setor, que impede a contratação de crédito, provocou uma inédita queda de 10% na demanda por recursos de custeio e comercialização com juros subsidiados pelo Tesouro. “O ritmo de empréstimos foi mais lento. Foram desembolsados R$ 22 bilhões até dezembro”, afirmou Wedekin.

O comparativo dos primeiros seis meses do atual ano-safra – que vai de julho de 2005 a junho de 2006 – sobre o mesmo período do ciclo anterior reflete a redução de 21% na aplicação das exigibilidades bancárias, a parcela de 25% que os bancos são obrigados a emprestar ao setor. O desembolso efetivo também é menor nesta safra: 66% contra 79% da temporada anterior. Os empréstimos com recursos da poupança rural, operada pelo BB e bancos cooperativos, cresceram 17% no período. No Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), os gastos foram 69% superiores a 2004/05.

Por outro lado, a contratação de recursos a juros de mercado aumentou 12% no intervalo, para R$ 7,96 bilhões. Já os desembolsos dos programas de investimento caíram 36% entre julho e dezembro de 2005. Foram contratados R$ 3,05 bilhões, ante R$ 4,7 bilhões na mesma altura da safra passada – a maior parte para comprar máquinas e expandir as lavouras. Na atual safra, foi justamente a retração dessa demanda a responsável pelo encalhe dos recursos. O Moderfrota (linha para máquinas novas) caiu 59% e o Moderagro (abertura de áreas), 29%. A linha Finame Agrícola do BNDES despencou expressivos 96%. (Mauro Zanatta)

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