fonte: Cepea

Governo fixa novo preço mínimo do café em R$ 307

Por: Estadão

06/05/2013 
 

A presidente Dilma Rousseff autorizou a elevação no preço mínimo do café, mas cortou pela metade o reajuste desejado pelos produtores e pelo Ministério da Agricultura. Paralisados desde 2009, os preços do grão arábica e robusta serão reajustados a R$ 307 e R$ 180, respectivamente 
 

A queda de braço interna no governo gerou um impasse inédito, envolvendo a elevação do preço mínimo do café arábica, que representa 70% da produção do grão no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calculou que o atual preço mínimo, de R$ 261,69 por saca, estava defasado – o custo de produzir uma saca de café arábica é, hoje, de R$ 336.


Assim, o Ministério da Agricultura passou a defender elevação a R$ 340 do preço. Por outro lado, o Ministério da Fazenda afirmou que esse reajuste, de 30%, teria impacto sobre o preço do produto – algo indesejável no atual cenário de inflação. A discussão envolveu até a área técnica da Casa Civil, que conta com especialistas agrícolas. Eles passaram a defender também um reajuste menor.


Diante do impasse e da pressão dos produtores, a discussão chegou até o gabinete da presidente da República. Preocupada em elevar o preço para evitar uma crise no setor cafeeiro, mas temendo um efeito sobre o consumidor, a presidente decidiu um reajuste inferior, da ordem de 17%.


Ainda assim, defendeu o Palácio do Planalto, o preço mínimo do café arábica ficará pouco acima daquele hoje negociado no mercado – de R$ 300 a saca.


O valor do preço mínimo serve de referência na utilização dos instrumentos de apoio à comercialização e sustentação de preços por parte do governo, como os leilões públicos de opção de compra de sacas e até a formação de estoques reguladores, administrados pela Conab.


Os desencontros no governo para anunciar o preço mínimo do café preocupam agentes do setor. Originalmente, o reajuste seria anunciado na semana passada, após a reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN).


O encontro, no entanto, foi cancelado. O Estado apurou que, naquele dia, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), também presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), teve uma reunião com técnicos do Ministério da Fazenda e defendeu fortemente o reajuste elevado.


Impasse. A reunião, então, passou para a última segunda-feira, quando se prolongou por quase cinco horas. Terminou sem resultado.


Novo encontro do CMN foi realizado no dia seguinte, quando,após quatro horas, nenhum reajuste foi anunciado. Ontem, o assunto foi levado ao Palácio do Planalto, em reunião entre Dilma e os ministros Antônio Andrade (Agricultura) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Mesmo depois do encontro, o novo preço mínimo não foi anunciado oficialmente.


O analista Eduardo Carvalhaes, do escritório Carvalhaes, de Santos (SP), disse “nunca ter visto uma situação como essa”. Ele defende que a transparência é fundamental para que as informações do governo brasileiro tenham credibilidade no mercado internacional.

Mais Notícias

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Governo fixa novo preço mínimo do café em R$ 307

03/05/2013

 
Preço do café subirá 17%, menos que o pedido por produtores

Cafeicultores queriam alta de 30% no preço, mas, de olho no impacto inflacionário, governo optou por reajuste menor
 

Venilson Ferreira / João Villaverde \ Estado de São Paulo

 A presidente Dilma Rousseff autorizou a elevação no preço mínimo do café, mas cortou pela metade o reajuste desejado pelos produtores e pelo Ministério da Agricultura. Paralisados desde 2009, os preços do grão arábica e robusta serão reajustados a R$ 307 e R$ 180, respectivamente.

 A queda de braço interna no governo gerou um impasse inédito, envolvendo a elevação do preço mínimo do café arábica, que representa 70% da produção do grão no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calculou que o atual preço mínimo, de R$ 261,69 por saca, estava defasado – o custo de produzir uma saca de café arábica é, hoje, de R$ 336.

 Assim, o Ministério da Agricultura passou a defender elevação a R$ 340 do preço. Por outro lado, o Ministério da Fazenda afirmou que esse reajuste, de 30%, teria impacto sobre o preço do produto – algo indesejável no atual cenário de inflação. A discussão envolveu até a área técnica da Casa Civil, que conta com especialistas agrícolas. Eles passaram a defender também um reajuste menor.

 Diante do impasse e da pressão dos produtores, a discussão chegou até o gabinete da presidente da República. Preocupada em elevar o preço para evitar uma crise no setor cafeeiro, mas temendo um efeito sobre o consumidor, a presidente decidiu um reajuste inferior, da ordem de 17%.

 Ainda assim, defendeu o Palácio do Planalto, o preço mínimo do café arábica ficará pouco acima daquele hoje negociado no mercado – de R$ 300 a saca.

 O valor do preço mínimo serve de referência na utilização dos instrumentos de apoio à comercialização e sustentação de preços por parte do governo, como os leilões públicos de opção de compra de sacas e até a formação de estoques reguladores, administrados pela Conab.

 Os desencontros no governo para anunciar o preço mínimo do café preocupam agentes do setor. Originalmente, o reajuste seria anunciado na semana passada, após a reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN).

 O encontro, no entanto, foi cancelado. O Estado apurou que, naquele dia, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), também presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), teve uma reunião com técnicos do Ministério da Fazenda e defendeu fortemente o reajuste elevado.

 Impasse. A reunião, então, passou para a última segunda-feira, quando se prolongou por quase cinco horas. Terminou sem resultado.

 Novo encontro do CMN foi realizado no dia seguinte, quando,após quatro horas, nenhum reajuste foi anunciado. Ontem, o assunto foi levado ao Palácio do Planalto, em reunião entre Dilma e os ministros Antônio Andrade (Agricultura) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Mesmo depois do encontro, o novo preço mínimo não foi anunciado oficialmente.

 O analista Eduardo Carvalhaes, do escritório Carvalhaes, de Santos (SP), disse “nunca ter visto uma situação como essa”. Ele defende que a transparência é fundamental para que as informações do governo brasileiro tenham credibilidade no mercado internacional.

 
 

Mais Notícias

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.