Com a quebra na última safra, estoques brasileiros foram reduzidos.
Representantes do governo federal e da cadeia produtiva do café se reúnem nesta terça-feira (17), em Brasília, para uma nova rodada de discussões sobre a liberação da importação de café robusta do Vietnã. No mesmo dia, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anuncia o primeiro levantamento de safra da produção cafeeira deste ano.
De acordo com o Ministério da Agricultura, as indústrias de café torrado e moído e de solúvel pleiteiam a liberação de importações de 200 mil toneladas mensais até o mês de maio, quando começa a entrar no mercado o café conilon da safra nova. Durante este período, o robusta vietnamita seria isento de tarifas de importação. Ambos são variedades do Coffea canephora.
A liberação da entrada do produto vietnamita entrou em debate por causa da quebra na produção brasileira do conilon, provocada por dois anos seguidos de déficit hídrico. A redução na oferta levou o preço do conilon a superar o do arábica (Coffea arábica) pela primeira vez na história, conforme os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A saca de 60 quilos chegou a superar os R$ 520.
No Brasil, a maior produção do conilon está no Espírito Santo. A Conab estimou a safra no ano passado em 7,99 milhões de sacas, volume 28,6% inferior colhido em 2015 e o menor em doze anos. Em nível global, o maior produtor é o Vietnã, com produção estimada em 25,6 milhões de sacas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O debate sobre a importação deixa em lados opostos os produtores e a indústria, o que coloca sobre o Ministério da Agricultura a missão de encontrar um consenso. Entidades com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Conselho Nacional do Café (CNC) são contra as importações.
As duas instituições argumentam que há riscos fitossanitários relacionados à medida e que faltam estudos que avaliem o impacto social e econômico para a cafeicultura nacional. O governo do Espírito Santo também é contra. Alega que a importação prejudica o cafeicultor que, em 2016, sofreu com a elevação de custos e quebra da produção.
A indústria, por sua vez, afirma que a falta de matéria-prima prejudica os negócios. O café mais caro pressiona os custos, levando ao aumento do preço final. Além disso, induz a mudanças nos blends vendidos ao varejo, com a substituição do conilon por cafés arábica de qualidade considerada intermediária.
Na semana passada, a Conab apresentou dados preliminares apontando estoques entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de sacas de café conilon. O levantamento foi feito no Espírito Santo, Rondônia e Bahia e corresponde a 70% dos armazéns privados.
A previsão do governo era fechar na última sexta-feira (13/1) os números para todo país, que podem ser determinantes para a recomendação das importações. Segundo nota do Ministério da Agricultura, o secretario Neri Geller acredita que o volume disponível deve chegar a 1,8 milhão de sacas.
Fonte : Globo Rural