RECIFE (Reuters) – O Brasil poderia produzir no mínimo 42 milhões de sacas (60kg) de café em 2006, mas a safra não deve ser recorde, porque o uso reduzido de fertilizantes deve comprometer o rendimento e a área plantada deve ficar estável, disse nesta sexta-feira uma fonte do governo brasileiro.
Se as chuvas favoráveis continuarem durante a fase de maturação da safra, nos primeiros três meses do próximo ano, o maior produtor mundial de café produzirá cerca de 25 por cento a mais que a estimativa oficial de 33,3 milhões de sacas de 2005.
“O Brasil deverá produzir 42 milhões de sacas apenas para atender a demanda de café e evitar o desaparecimento dos estoques”, disse à Reuters o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Linneu da Costa Lima, durante entrevista em uma conferência da indústria de café.
Ele disse que 26 milhões de sacas seriam necessárias para exportação e 16 milhões de sacas para o mercado doméstico.
“As chuvas têm sido boas até agora mas é preciso mais no começo do próximo ano”, disse ele. “Mas de jeito nenhum haverá uma safra recorde no próximo ano devido à insuficiência de fertilizantes e nenhuma expansão de área.”
Costa Lima disse que durante os últimos três anos o Brasil teve uma média anual um pouco abaixo dos 33 milhões de sacas de café, ou cerca de 10 milhões de sacas a menos do que o necessário para suprir o mercado.
A Conab está trabalhando numa pesquisa de campo para a primeira estimativa oficial da safra 2006/07 (julho/junho) que deverá ser publicada no dia 9 de dezembro.
Alguns operadores especulam que a produção poderia ultrapassar a safra recorde de 2002/03, estimada oficialmente em 48,5 milhões de sacas e, pelo mercado, em 53 milhões de sacas.
Na semana passada, a Mercon Coffee Corp. disse, após uma viagem de sete dias pelas fazendas de café do Brasil, que as atuais condições sugerem uma safra entre 44 e 48 milhões de sacas em 2006/07.
Costa Lima acrescentou que o governo estava preocupado com a situação apertada dos estoques até a safra 2006.
“Os estoques de passagem para a próxima safra serão extrememante apertados”, disse ele.
Os estoques totais do Brasil devem encolher para menos de 2 milhões de sacas até junho de 2006, quando a nova colheita de arábica terá início em Minas Gerais, o principal produtor brasileiro. A colheita de arábica em Rondônia e no Espírito Santo começa um pouco antes.
Os estoques baixos no Brasil coincidem com uma redução nos estoques mundiais.
Numa medida para manter o fornecimento a curto prazo, o governo está propondo um leilão de cerca de 160.000 sacas de café arábica remanescentes de compras do programa de opções de 2003. Mais de 900.000 sacas foram compradas na ocasião.
O governo também poderia dobrar o leilão mensal de 40.000 sacas dos estoques oficiais de café antigo para os torradores locais. Os estoques somam pouco menos que 3,4 milhões de sacas.