Governo de São Paulo investe na exportação de café

Brasil quer uma presença maior no exterior

18 de outubro de 2010 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Diário de Mogi

18/10/2010


De olho em um consumidor cada vez mais exigente e na proliferação global de máquinas de café nas casas de classe média, o Brasil quer marcar presença no segmento de cafés finos pelo mundo. A verba do Ministério da Agricultura para divulgar o café \”made in Brazil\” no exterior, que foi de R$ 800 mil no ano passado, em 2010 passou para R$ 1,5 milhão. Para o próximo ano, a Pasta solicitou a quantia de R$ 10 milhões e, mesmo com o corte do orçamento, conseguiu separar R$ 5 milhões para eventos que levarão a qualidade do produto para o mundo todo.


\”Queremos uma presença maior no exterior\”, disse o diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Robério Silva. A estratégia, de acordo com ele, não é apenas salientar que o Brasil é o maior produtor e exportador de café mundial, mas oferecer aos clientes uma gama diversificada do produto, com ênfase nos cafés de alta qualidade. O diretor acabou de voltar de um evento de café em Genebra e participará também de outra celebração do produto, em Houston, Estados Unidos, em que o Brasil será país tema.


De acordo com Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a receita cambial com exportação de café (verse, solúvel, torrado e moído) aumentou 20% de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano passado, com o faturamento passando de US$ 3,066 bilhões para US$ 3,693 bilhões O volume da exportação brasileira no período totalizou 22,8 milhões de sacas de 60 quilos, o que representou um crescimento de 2% sobre 2009 (22,3 milhões de sacas) – a maioria de cafés do tipo robusta, de menor qualidade.


O montante reservado pelo Ministério ainda é pouco, na avaliação do diretor-geral da entidade, Guilherme Braga. Mas já é um começo. \”Esses números são ridículos. É importante que estejam crescendo, mas não se pode dizer que vão alavancar o volume de vendas\”, considerou.


Não há dúvidas, de acordo com Braga, de que a tendência é de crescimento das vendas, principalmente dos cafés chamados \”especiais\”, que possuem maior valor agregado. \”O consumidor está mais exigente, mas também está disposto a pagar um pouco mais pelo produto de boa qualidade\”, explicou. O diretor do Cecafé estimou que as vendas dos cafés finos ou de melhor qualidade representem de 15% a 20% das exportações totais. Apesar da fatia ainda ser pequena, salientou, é considerável tendo em vista que há 10 anos o Brasil praticamente não vendia esse tipo de produto no exterior.


Além do Ministério da Agricultura e do setor privado, que se empenham no marketing internacional do produto, a Agência Brasileira de Promoção e Exportação e Investimentos (Apex-Brasil) também tem ampliado a atuação no exterior. Uma das mais recentes campanhas foi a da fórmula Indy, nos Estados Unidos, totalmente voltada para o tema \”cafés do Brasil\”. \”Em 20 anos, nunca tivemos isso\”, comemorou o coordenador de Projetos Setoriais da Apex, Juarez Leal. \”Os Estados Unidos são o mercado prioritário para nós\”, acrescentou. Mas países como Japão e os do Norte da Europa mostram cada vez mais interesse e aceitação do produto brasileiro, conforme o coordenador.


Como a agência não trabalha com commodities, o foco das atuações no caso dos cafés é os de maior qualidade, como Premium e especiais. No total, a Apex desenvolve atuações para produtos de 70 segmentos diferentes. A cada dois anos, a disputa para ser o setor escolhido fica mais acirrada e o café tem estado nelas.


O lado bom de trabalhar com o café, segundo Leal, é a aceitação do produto no exterior. \”Os importadores brigam a tapa pelo café brasileiro\”, relatou. Mesmo assim, de acordo com ele, ações de marketing são necessárias porque a maior parte das vendas nacionais ainda é do café tipo robusta, o que apresenta menor qualidade. Por isso, não há segredo, explica o coordenador da Apex. \”Quem quer vender tem de estar lá fora. É preciso mostrar a qualidade do produto\”, considerou. Até porque muitas vezes, disse Leal, o importador tem mais interesse sobre a \”história do produto\” do que necessariamente por ele. E alguém precisa contá-la.

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