O cafeicultor brasileiro terá R$ 4,5 bilhões para estocagem na safra 2012/2013. O anúncio foi feito em reunião de lideranças nacionais do setor cafeeiro na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), em Belo Horizonte, pelo diretor do Decaf/Mapa (Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Edilson Alcântara. O objetivo é ordenar o fluxo da safra brasileira 2012/2013, estimada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 50,450 milhões de sacas de 60 quilos.
“A intenção do governo é estimular o cafeicultor a vender no momento oportuno. Queremos evitar uma enxurrada de café brasileiro no mercado, de forma a conter uma possível depreciação dos preços ao produtor”, afirmou Edilson Alcântara. Do montante de recursos, cerca de R$ 2,5 bilhões virão do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), a juros de 6,5% ao ano. O restante virá de bancos privados, a juros de 6,75% ao ano. O dinheiro estará disponível a partir do início de junho, quando começa a colheita de café arábica no país.
Preços firmes
O presidente das Comissões de Café da FAEMG e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Breno Pereira de Mesquita, informa que os recursos destinados à estocagem são bem mais elevados do que os cerca de R$ 2 bilhões disponibilizados no ano passado. “Com o anúncio feito na FAEMG, mostramos ao mundo que o Brasil tem uma efetiva política cafeeira, que influencia todo o mercado mundial”, ressalta. O setor espera manter as cotações acima dos custos de produção, que variam entre R$ 250 e R$ 400 por saca, dependendo da região e do sistema produtivo.
Maior produtor mundial de café, o Brasil também é o maior exportador e embarcou, no ano passado, 33 milhões de sacas. O consumo interno anual é de 20 milhões de sacas, o que coloca o país no segundo lugar do ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Minas responde por metade da produção brasileira. Apesar da bienalidade alta, a produção nacional será cerca de 2,5 milhões de sacas inferior à demanda. Como tanto os estoques mundiais como os nacionais são suficientes para apenas dois meses e meio de abastecimento, o setor espera preços firmes na safra 2012/2013.
A valorização do café brasileiro também é o foco do trabalho da Frente Parlamentar em Defesa da Cafeicultura. “Através da participação em eventos nacionais e internacionais, queremos ressaltar a qualidade dos nossos cafés”, informou o presidente da Frente, deputado federal Diego Andrade (PSD-MG). A Frente também está empenhada, junto com a CNA e a FAEMG, em negociações com o governo federal para o equacionamento dos débitos de produtores inscritos na Dívida Ativa da União. A proposta prevê pagamento em dez anos, com descontos progressivos.