23/06/09 – Plano que vai financiar a próxima safra terá R$ 107,5 bilhões, dos quais R$ 15 bilhões irão para a agricultura familiar
Lula apela a agricultores para manter produção a fim de atender a demanda que virá da recuperação da economia mundial
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
No lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2009/10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem em Londrina (PR) um apelo para que os agricultores continuem plantando, de olho na recuperação econômica mundial. Ele comparou os grandes países a um urso em hibernação na crise, que vai estar faminto após esse período. “”Plantem, plantem, plantem”, afirmou Lula.
Na solenidade foram anunciados R$ 107,5 bilhões para o plano, um total 37% maior que o destinado para a safra 2008/ 9. R$ 92,5 bilhões foram destinados à agricultura comercial e R$ 15 bilhões para a familiar.
Lula também apelou aos agricultores para que acompanhem a liberação de recursos, pois, segundo ele, não adianta aprovar verbas se elas não chegam aos produtores. Neste plano de safra, a novidade foi a liberação de R$ 2 bilhões para o Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias, em uma rubrica de R$ 14 bilhões para investimentos.
Ainda com relação a investimentos, o governo federal anunciou outro R$ 1,5 bilhão para ampliar o Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio. Outros R$ 5 bilhões serão destinados ao fortalecimento do Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda). Os preços mínimos fixados para 33 culturas tiveram reajustes de até 65%.
O Proger foi destacado, no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário, para atender médios produtores com juros anuais menores (6,25%) do que os grandes (6,75% ao ano). Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o novo Proger foi “”desenhado” para dar ao médio produtor condições de crescer.
Ele se destina a produtores com renda anual de até R$ 500 mil, que terão recursos para custeio, investimento, comercialização e aquisição de máquinas de até R$ 250 mil. Antes o limite era de R$ 150 mil.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Lopes Kireef, anfitrião de Lula em Londrina, pediu, em discurso, modificações na legislação ambiental. Lula enfatizou a necessidade de equilíbrio nesse debate. “”Não dá para pegar um Estado que desmatou nos anos 30, 40 e dizer: “assim não dá, vamos replantar tudo”.”
Lula criticou ainda “”aqueles que fazem a separação” entre agricultura familiar e agronegócio. Segundo o presidente, o país “”depende dos dois”.
O presidente afirmou que a função do governo federal é preparar o país para produzir e andar. “”Não adianta produzir e ficar na mão de três ou quatro tradings, que na hora do “pega para capar” correm e nos deixam na mão.”
Para ressaltar a importância que é dada ao agronegócio durante os dois mandatos de Lula, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse que no plano de safra 2002/3 o governo federal liberou R$ 24,7 bilhões.
Dilma afirmou que as obras de infraestrutura e logística do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) têm como objetivo eliminar gargalos na agropecuária brasileira, especialmente para o escoamento da produção.