Vendedores especialistas aproveitam a expertise em produtos peculiares para se destacar
LUISA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto torra, mói e vende o café no balcão da cafeteria Santo Grão, em São Paulo, o mestre de torra e barista Marcelo Babinski, 30, conta para os clientes suas experiências com a bebida que tanto o fascina -do cheiro do café na fazenda da avó em Minas Gerais às técnicas de preparo que aprendeu.
“O café faz parte do dia-a-dia de todos. As pessoas ficam impressionadas com os detalhes que o cercam”, revela o barista, que é um dos 26 brasileiros com habilitação internacional.
“Minha função é traduzir o que vem da terra para a xícara. E, às vezes, até ganhar um cliente ensinando-lhe a usar a cafeteira elétrica”, diverte-se.
Assim como Babinski, diversos profissionais têm percebido que ser um vendedor especializado é hoje uma opção cada vez mais interessante -e exigida pelo mercado de trabalho.
Para tornar-se referência na área de atuação, no entanto, dedicação, persistência e esforço são elementos essenciais.
No caso de Ana Lucia Skaf, 36, a jornada rumo à especialização teve início há 18 anos, quando entrou para o ramo de distribuição de bebida importada na empresa de sua família.
Há seis anos, especializou-se em vinhos e hoje gerencia uma loja para apreciadores do tema. “Não tenho cursos teóricos, aprendi provando a bebida, visitando vinícolas”, comenta.
Mais do que vender vinhos, Skaf oferece consultoria e realiza o planejamento de marketing e relacionamento da loja. “Um vendedor precisa ter muito conhecimento do produto, além de boa didática e versatilidade. Um cliente fiel é seu melhor produto -e é ele o foco do investimento”, aconselha.
Paixão pelo trabalho
A despeito de todas as habilidades que o profissional deve ter para se destacar, na avaliação de profissionais e consultores, uma característica é o que faz a diferença: ser apaixonado pela área em que trabalha.
A grande guinada na carreira de Ednaldo Olimpio dos Santos, 37, começou assim: com seu amor declarado à música. Aos 20 anos, foi chamado para trabalhar no extinto Museu do Disco, onde era cliente assíduo.
“Fui indicado por meus conhecimentos. Sempre “respirei” música e não foi difícil passar isso para os outros”, lembra Santos, que, com o tempo, acumulou experiência para interpretar os desejos dos clientes até em músicas cantaroladas.
“Faço o que gosto: vou a shows, pesquiso na internet, recebo os lançamentos das gravadoras. Tudo isso me mantém atualizado”, conta o vendedor, hoje na Billbox Records.
Também “apaixonada” -só que pela arte de cozinhar-, Marcela Herz, 27, desde cedo trabalhava em lojas de utensílios domésticos, decoração de cozinha e chocolates. Atualmente, está em uma livraria especializada em gastronomia.
“No começo, era um mundo novo, com “brinquedos” estranhos e nomes difíceis. Não foi fácil decorar nomes de chefes e de utensílios de cozinha, mas o segredo é ser humilde e aprender com todos a sua volta”, diz.