Tim Teixeira
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Na verdade, serão duas lojas: uma na ala de expansão do centro de compras e outra dentro da livraria Saraiva. Pelo gigantismo, a Starbucks é considerada o McDonald’s das cafeterias. E, por coincidência ou não, será trazida pelo casal Maria Luísa e Peter Rodenbeck, o mesmo que trouxe o McDonald’s ao Brasil em 1979 e é responsável pela vinda da rede de restaurantes Outback.
Começo – A história da Starbucks não encontra precedentes no mundo dos negócios. Fascinado pelos cafés italianos, o empresário Howard Schultz pagou US$ 3,8 milhões pela marca em 1987, acreditando que os americanos também iriam aderir ao hábito de consumir ” espressi “. Hoje, a empresa – que possui sede em Seattle, nos Estados Unidos –, vale US$ 29 bilhões na bolsa eletrônica Nasdaq, e suas ações são algumas das pérolas de Wall Street. Emprega cerca de 90 mil pessoas em todo o mundo e orgulha-se de servir a mais de 35 milhões de consumidores por semana, que bebem mais de 840 milhões de litros de café a cada dia.
No balancete do segundo trimestre fiscal de 2006, a empresa divulgou uma receita líquida recorde de US$ 1,9 bilhão, o que representa alta de 24% em relação ao ano anterior. O lucro líquido, nesse período, foi de US$ 127 milhões, com crescimento de 27%.
Receitas – Mas a Starbucks vai muito além dos números e dos expressos. Na verdade, o que mais os americanos consomem são as receitas sofisticadas preparadas com uma infinidade de xaropes, sabores e aromas. E ao café, a Starbucks juntou outro atrativo irresistível: a internet. Todas as suas lojas dispõem de terminais com computadores ou rede sem fio, que atraem executivos e yuppies em seus momentos de folga. Há alguns anos, lançou um serviço em que o cliente pode escolher músicas e gravá-las em um CD, tudo dentro da cafeteria. Paga-se por faixa.
Tamanho foi o sucesso da investida que a empresa passou a lançar faixas exclusivas e também resolveu criar seu próprio selo, com artistas exclusivamente contratados. Até os Rolling Stones já entraram nessa onda. Como tudo isso parece pouco, Howard Schultz firmou parceria com uma distribuidora de filmes para fazer algo parecido na área do cinema.
Misturas – Mas há ainda quem entre nas lojas em busca dos produtos originais. E uma das suas receitas de maior sucesso é o famoso “Frappuccino”, que, na verdade, tende mais para o frapé do que para o café. Generoso no chantilly, custa pouco mais de US$ 4 e pesa 870 calorias na consciência dos que brigam com a balança. O café mais barato tem o preço de US$ 1,80 e o mais caro sai por US$ 15,95. Algo impensável para os padrões brasileiros, principalmente para o consumo em larga escala.
Mas os investidores nacionais já avisam que a Starbucks brasileira sofrerá algumas adaptações – e poderá vender até pão de queijo. No blend do café da Starbucks entra apenas um café brasileiro – o famoso Ipanema Bourbon, produzido em Minas Gerais. Por razões mercadológicas, será esse mesmo blend que estará na Starbucks brasileira. Ou seja, será necessário reimportar o produto brasileiro.
Amor e ódio – Howard Schultz costuma definir com uma frase as razões do sucesso da sua empresa: “O primeiro lugar de uma pessoa é sua casa, o segundo é o trabalho; o terceiro, a Starbucks”. O fato é que, se há muita gente que não vive sem a Starbucks – a loja tem até uma comunidade no Orkut (Starbucks Lovers) –, há também muita gente que a odeia, até com site na internet: http://www.ihatestarbucks.com .
Entre todos, porém, nada parece mais bizarro do que a que diz respeito ao texano de origem mexicana Rafael Antonio Lozano, que resolveu mudar o nome para John Winter Smith (e agora exige ser chamado apenas de Winter). Ele se impôs a missão de conhecer, tomar um café e fotografar todas as lojas Starbucks do mundo. Até o início deste mês, já havia visitado 5.821 lojas nos Estados Unidos e 409 no exterior, incluindo o Japão.
Nessa empreitada, iniciada em 1997, já rodou 80 mil quilômetros com seu Honda Civic e gastou exatos US$ 29.561,86 – rigorosamente contabilizados em um caderno de anotações. Nada desprezível para quem ganha a vida fazendo trabalhos temporários na área de computação. Nos seus cálculos, já deve ter tomado perto de mil litros de café.
Em um dia, Winter, que tem 34 anos, chegou a visitar 29 lojas, o que significa que tomou 29 cafés e bateu 29 fotos. Reclamou apenas de uma leve dor de estômago, mas não parece desanimado com a tarefa que tem pela frente, mesmo sabendo que ainda não chegou ao meio do caminho e que, a cada dia, em média, cinco novas lojas da Starbucks são inauguradas em alguma parte do mundo.
Gigantes na praça – Outra marca famosa que está desembarcando no Brasil é a Illy. Ao contrário da Starbucks, a Illy não tem cafeterias, apenas comercializa cafés. E orgulha-se de não buscar quantidade. Gerida por uma família de origem húngara, há 73 anos estabelecida em Trieste, na Itália, a empresa aposta na qualidade: “Nós somos a Ferrari do café, e uma Ferrari você não encontra em qualquer lugar”, diz Ernesto Illy, 79 anos, o patriarca da família, que entregou ao filho mais novo, Andrea, a condução dos negócios.
A empresa vende 10 milhões de toneladas de café para 98 países e fatura 200 milhões de euros anuais. Importado, o café Illy pode ser encontrado em alguns supermercados brasileiros, mas, agora, a empresa decidiu montar sua primeira torrefação fora da Itália – e será no Espírito Santo, onde, desde 2000, já mantém a Unilly, uma espécie de universidade do café.
Outra gigante do setor, a Lavazza – a maior torrefadora da Itália e a sexta maior rede de café do mundo – também está para aportar no Brasil, com investimentos de 2 milhões de euros, destinados à montagem de sua primeira indústria fora da Itália. Embora comercialize também chás e chocolates, a empresa – que fatura 800 milhões de euros por ano – está de olho principalmente no crescimento do mercado do expresso. “O Brasil vai deixar de ser o País do cafezinho para ser o País do expresso”, aposta Giuseppe Lavazza, diretor da empresa.