Na lavoura de café o desenvolvimento das raízes e o potencial produtivo dos cafeeiros podem ser prejudicados por limitações nas camadas mais profundas do solo, representada pela acidez elevada, excesso de alumínio, deficiência de cálcio e indisponibilidade de nutrientes. Nesta camada subsuperficial o processo de correção não pode ser realizado pela calagem pois a viabilidade de aplicação desta acontece mais na camada arável ou superficial do solo, podendo ainda ocorrer perdas por volatilização de íon e dificuldade no requisito da prática de subsolagem em lavouras já implantadas.
A gessagem é portanto considerada a prática corretiva mais recomendável, pois o gesso promove nestas camadas mais profundas do solo a neutralização do alumínio tóxico, a disponibilidade de bases como magnésio e potássio e o fornecimento eficiente de fonte de cálcio e enxofre, consequentemente induz maior desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro, favorecendo maior oferta e absorção de água e nutrientes. Em solos de cerrado ela se torna imprescindível, pois além de corrigir as limitações gerais relatadas acima, existe a ocorrência de muitos veranícos cujos prejuízos são maiores em plantas que concentram a maior parte de suas raízes nas camadas superficiais do solo e em plantas que encontram baixa capacidade de retenção de água em solos arenosos.
A recomendação do gesso deve ser fundamentada na análise do solo e definida com critério para que não se cometa exageros na dosagem, causando prejuízos na camada superficial do solo pela ocorrência de lixiviação excessiva de potássio e magnésio. A viabilidade de execução desta prática está condicionada na textura do solo, na quantidade de doses, na maneira de aplicação e na inexistência de impedimento físico no solo.
Importante observar o nível de fertilidade da camada superficial do solo, evitando aplicar o gesso quando esta camada estiver com pequena saturação de base, caracterizando-se uma camada deficiente em nutrientes. Nesta circunstância o gesso pode promover um maior deslocamento de nutrientes para as camadas mais profundas, contribuindo para enfraquecer ainda mais a camada superficial, onde se concentram a maior parte das raízes do cafeeiro.
No manejo adequado do solo é importante que o gesso agrícola seja utilizado considerando as aplicações de calcário e adubos fosfatados, sendo estes aplicados com freqüência com base no monitoramento anual das análises de solo. A ação conjunta desses dois corretivos possibilita a melhoria de todas as camadas do perfil do solo e contribui também para ajustar algum desequilíbrio de balanço nutricional.
O gesso pode ser aplicado tanto a lanço em área total no preparo do solo para café, no enchimento de covas ou fechamento de sulcos de plantio e por cobertura em lavouras implantadas sem a necessidade de incorporação devido sua solubilidade em água, devendo-se sempre esperar o início do período chuvoso como melhor época de aplicação.
Julio Cesar Freitas Santos / Pesquisador Fitotecnísta