A cooperativa fechou um acordo para que duas empresas privadas viabilizem o comércio do café produzido na região |
Davi Venturino |
Garça – Apesar de passar por um processo de liquidação, que se arrasta desde junho de 2005, a Cooperativa dos Cafeicultures de Garça (Garcafé) alugou seu armazém que deve voltar a operar dentro de 10 ou 15 dias. Uma empresa de armazenagem e outra de exportação devem viabilizar a comercialização do café produzido na região. Segundo José Wilson Lopes, liquidante da Garcafé, as duas empresas privadas devem começar a armazenar e comercializar o café produzido na região dentro de alguns dias. Lopes explica que o Grupo Coimex, de Espírito Santo, será responsável pela compra e exportação do produto enquanto que a empresa Leme Armazéns Gerais Ltda, com sede em Leme, ficará responsável pelo recebimento e armazenagem dos grãos. “Nós chegamos a um bom termo, eles já estão contratando os funcionários e já está tudo certo (…). Eu acredito que dentro de mais 10, 15 dias eles já estarão em condições de receber (o café)”, comemora Lopes. Ele comenta que o número de funcionários que serão contratados deve ser bem menor ao empregado anteriormente pela Garcafé mas ressalta que, apesar disso, a mão-de-obra virá da própria cidade. “Hoje em dia estas empresas trabalham com esquemas totalmente diferentes do que a gente tinha aqui. Eles trabalham mais com sistema intensivo de preparo de exportação. Eles vão funcionar com um número reduzido de funcionários (…). A intenção deles hoje e fazer a exportação através de big-bag, que são sacos de uma tonelada de café”, conta Lopes, lembrando que os funcionários contratados devem atuar na área de armazenagem e de maquinário. Lopes comenta também que esteve em meados do mês passado reunido com o ministro da Fazenda, em Brasília, onde apresentou, a Guido Mantega, a situação atual vivida pelos cooperados e os problemas decorrentes de uma possível dissolução da Garcafé. A dívida total da empresa é de R$ 47 milhões. Desse total, R$ 18 milhões são dívidas com o Tesouro Nacional. A Garcafé, por sua vez, entrou com ação na Justiça para receber do governo cerca de R$ 30 milhões referente a cobrança de impostos de 2% a 2,5% sobre as exportações de café entre 1981 e 1989. De acordo com Lopes, o governo Federal deve cerca de R$ 32 milhões para a Garcafé e que um acerto de contas entre as duas partes seria uma alternativa para resolver o problema. “Eu pude colocar a situação da Garcafé, a importância dela e o esforço que os nossos cooperados estão fazendo para que ela volte a funcionar. Até porque eu consegui pagar o passivo trabalhista integral (dos funcionários) e tem apenas mais uma parcela a pagar”, explica. De acordo com ele, o problema da dívida e da dissolução da cooperativa, será discutido em uma outra reunião. “Eu estou preparando mais uma série de documentos, que me foi pedido esta semana, para que nesta reunião a gente possa apresentar mais argumentos para o ministro Guido Mantega e procurar uma solução para o nosso problema”, espera Lopes. O outro armazém da Garcafé, em Patrocínio, também foi alugado no ano passado. De acordo com Lopes a empresa Armazéns Gaerais Leste de Minas está operando no local. Preços Garça – Segundo o liquidante da Garcafé, José Wilson Lopes, existe a expectativa de preços melhores para venda da saca de café no início do próximo ano. Isso pode acontecer devido a problemas climáticos ocorridos em outros países e que prejudicaram a safra do produto. “Eu acho que existe uma previsão de preços muito boa. O problema nosso, hoje, e que nós (produtores) não estamos sendo bem remunerados em função desse câmbio (baixo)”. Apesar disso ele reconhece que o preço atual da saca não é ruim se comparado com outros períodos. “Nós estamos vendendo café em dólares num dos preços melhores que a gente já teve”, comenta. Lopes explica que a previsão de safra do café na região passa de 1 milhão de sacas e que, historicamente, a Garcafé foi responsável por cerca de 40% da área colhida. A expectativa das duas empresas, que vão viabilizar o comércio do café da região, segundo Lopes, é de exportar entre 300 a 350 mil sacas anuais do produto colhido na região. Ele lembra também que os cooperados terão liberdade para negociarem seus produtos com quem desejarem já que a Garcafé está apenas locando o armazém e instalações para uma empresa privada. “Os cooperados não estão submissos a essas empresas. Essas empresas, inclusive, podem receber café de não cooperados”, conclui. |