20/07/2008
Desde que entrou em processo de liquidação, equipe responsável pela
administração da Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores de Garça) já conseguiu
sanar mais de R$ 3 milhões em dívidas. Integralmente, já foram pagos mais de R$
1,9 mi dentro do passivo trabalhista e, Cooperativa aguarda decisão judicial
para quitar restante das dívidas e poder reativar a Garcafé.
É o que explica
José Wilson Lopes, liquidante da Cooperativa.
“Através de acordos com funcionários credores na Justiça, a dívida foi paga e
todos receberam tudo o que lhes era de direito”, conta. Ele revela ainda que uma
parcela dos tributos devidos ao Governo Federal, também já foi paga.
“A primeira etapa estipulada no processo de liquidação é pagar aos
funcionários e, em seguida, sanar as dívidas com o governo federal e
previdência”, comenta Wilson. Ele explica que, somente após estas liquidações é
que se têm condições de iniciar o pagamento dos antigos fornecedores da Garcafé.
“O nosso maior passo agora é liquidar a dívida com a previdência, que, junto
aos valores repassados através do Tesouro, chegam a R$27 milhões”, fala.
Para conseguir tudo isso sem buscar nenhum recurso no bolso dos cooperados,
hoje a Garcafé mantém dois galpões alugados para custear as despesas de
infra-estrutura básica, como água, energia e telefone, além dos seis
funcionários.
Sanar todas as dívidas que ainda restam e são calculadas em torno dos R$60
milhões é o foco da comissão liquidante. A Garcafé tenta saldar a dívida de R$
60 milhões com fornecedores oferecendo créditos referentes a contribuições
cobradas pelo Governo Federal sobre a exportação do café entre 1981 e 1989.
Supremo Tribunal Federal já julgou inconstitucional o imposto, mas Governo vem
postergando o pagamento.
“A Garcafé tem R$ 60 milhões a receber, praticamente o mesmo valor da
dívida”, pontua.
Atualmente, Cooperativa funciona exclusivamente em atividades burocráticas.
“Desde que entrou em processo de liquidação, a Cooperativa teve de desativar
todos os departamentos”, fala. “Uma cooperativa de café tem função de prestar
serviços de beneficiamento, classificação, armazenamento e, principalmente,
servir como intermediadora entre produtor e mercado. Hoje, a gente funciona como
escritório”, destaca.
HISTÓRIA
Desde junho de 2005, quando o então presidente Manoel Bertone foi afastado e
quando a dívida girava em torno de R$ 47 milhões, a Garcafé se encontra em
processo de liquidação. Reverter a situação dos 1.035 cooperados, hoje
considerados vítimas de uma administração irresponsável é a prioridade da
comissão liquidante.
Na época, o ex-presidente propôs ratear dívida de R$ 20 milhões entre os
cooperados. Proposta foi rejeitada, Bertone afastado e a Garcafé entrou em
liquidação.